Lula, sobre combustíveis: "O Brasil não tem por que estar submetido a preços internacionais"
Em evento com jornalistas, presidente lembrou que durante a campanha disse que era preciso "abrasileirar'" preços de gasolina e diesel
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou novamente que haverá mudanças na política de preços da Petrobras. Ele destacou, em evento com jornalistas em Brasília na manhã desta quinta-feira (6), que ainda não há uma decisão de quando haverá a alteração.
Afirmou que não há motivos para o Brasil estar submetido ao PPI (política de preços de importação, que repassa as cotações do barril do petróleo e do dólar aos valores da gasolina e diesel comercializados no país).
Na quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse em entrevista à "Globonews" que a Petrobras iria mudar a sua atual política de preços para a chamada "Preço de Competitividade Interna". Segundo seus cálculos, isso reduziria em até R$ 0,25 o preço final do litro do diesel, mas não deu detalhes de como seria essa queda.
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A Petrobras, em seguida, reagiu e informou que não havia recebido pedido de mudança na política de preços dos combustíveis por parte do MME. Há duas semanas, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, havia dito, em evento no Rio, disse que a companhia já segue o "preço de mercado brasileiro", mas também não deu detalhes.
- Fui pego de surpresa com a discussão na imprensa entre uma posição do ministro de Minas e Energia e uma suposta decisão da direção da companhia. Deixa eu te dizer uma coisa. A política de preços da Petrobras ainda está sendo discutida pelo governo no momento em que o presidente da República convoca o governo para discutir a política de preços. Enquanto o presidente da República não convoca o governo para discutir política de preços, a gente não vai mudar o que está funcionando hoje. Vamos mudar, mas com muito critério. Durante a campanha eu disse que era preciso abrasileirar o preço da gasolina e diesel. O Brasil não tem porque estar submetido ao PPI - disse Lula.
O presidente amenizou ainda uma possível rivalidade entre Prates e Silveira:
-Essa divergência é uma coisa extemporânea. Eu ainda não conversei nem com o nosso presidente da Petrobras nem como o ministro, pois fiquei sabendo hoje dessas divergências. Vou conversar com os dois . Se houve divergência entre os dois, ela deixará de existir quando eu conversar com os dois, pois o governo não está discutindo isso.
Sem dar uma data, o presidente lembrou que o tema será discutido no momento certo através do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
- É um problema que vamos discutir no momento certo. Eu fiz a primeira reunião do CNPE para discutir uma série de coisas. E vou convocar outras reuniões para discutir as coisas exclusivas sobre política de preços da Petrobras, a política de investimento da Petrobras.
O presidente afirmou ainda que vai rever a política de distribuição de dividendos da estatal.
--A Petrobras não pode continuar distribuindo a quantidade de dividendos que está distribuindo. A Petrobras precisa fazer investimento. O Brasil precisa dos investimentos da Petrobras - disse Lula.
Em meio ao dividendo recorde, Prates sugeriu ao Conselho de Administração, ainda no início de março, que fossem retidos R$ 6,5 bilhões do total a ser distribuído em dividendos a uma reserva.
Além disso, no dia 27 de abril também será aprovada a nova composição para o Conselho de Administração da estatal, com nomes mais alinhados ao atual governo.