Manifestantes organizam 'funeral' do salário mínimo na Argentina
A Argentina registra um dos maiores índices de inflação do mundo
Organizações sociais encenaram nesta sexta-feira (19) um "funeral" do salário mínimo argentino, com um caixão de papelão e coroas de flores de papel como forma de denunciar a perda de poder aquisitivo devido à inflação descontrolada.
"O salário morreu", dizia um enorme cartaz colocado na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, onde o ato simbólico foi realizado, em frente à Casa Rosada, sede da presidência.
O "caixão" foi depositado ali depois de percorrer alguns quarteirões do centro da capital argentina, numa "marcha fúnebre" que foi acompanhada por cerca de 500 pessoas.
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Conhecido como "salário mínimo, vital e móvel", esse pagamento corresponde a 45.540 pesos (cerca de 320 dólares, pelo câmbio oficial), bem abaixo da cesta básica para uma família de quatro pessoas no país (111.298 pesos ou 783 dólares).
"Na Argentina há um monte de trabalhadores abaixo da linha da pobreza. É por isso que estamos fazendo este protesto. O salário mínimo vital e móvel morreu, foi pulverizado pela política econômica", declarou à AFP Marianela Navarro, uma das organizadoras da manifestação.
A Argentina registra um dos maiores índices de inflação do mundo, com um acumulado de 46,2% de janeiro para julho e projeções de 90% até o fim do ano.
Em 2021, a pobreza atingia 37% da população.
Os movimentos sociais exigem mais ajudas estatais e sugerem a aprovação de uma renda básica universal, no momento em que o governo do presidente Alberto Fernández se vê obrigado a reduzir o déficit fiscal, em linha com o acordo de crédito com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de cerca de 44 milhões de dólares.