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Construção civil

Materiais de construção: alta pressiona novos empreendimentos e reformas

Itens essenciais para a construção civil, como o aço, cresceram acima dos 50% nos últimos 12 meses

Construção civilConstrução civil - Foto: Agência Brasil

A alta nos preços dos materiais de construção continua em ritmo acelerado no Estado, seguindo uma tendência nacional. Os constantes aumentos em produtos como a placa de gesso e o aço pressionam o setor de construção civil e afetam a entrega de novos empreendimentos, alterando, também, o planejamento de reformas em residências.

De acordo com o Custo Unitário Básico (CUB), que pesquisa o preço médio dos materiais de construção e é realizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco (Sinduscon/PE), o preço do aço cresceu 8,69% em fevereiro, acumulando alta de 150,12% nos últimos 12 meses. A placa de gesso registrou aumento de 30,02% em fevereiro e 90,71% no acumulado de 12 meses. O bloco cerâmico (66,67%) e o fio de cobre (52,90%) também sofreram aumento acima dos 50% nos últimos 12 meses.

Dos 25 itens pesquisados pelo CUB, apenas sete não tiveram os seus preços elevados no acumulado dos últimos 12 meses. Diversos fatores podem explicar esse aumento, entre eles o maior poder de compra possibilitado pelo auxílio emergencial. “Um dos motivos foi o aquecimento do mercado na pandemia, porque além do mercado já existente, criou-se uma faixa de consumidores nova devido ao auxílio. Outro fator está relacionado ao câmbio, visto que existem insumos que dependem de importação. Por fim, também existe o fator dos próprios fornecedores, que buscam uma recuperação da margem de lucro”, analisou Érico Furtado, presidente do Sinduscon/PE.

Furtado ainda comenta a situação complicada que os empresários do setor convivem devido esse aumento. “A alta em alguns produtos está exorbitante, são índices totalmente fora da realidade do mercado e que deixa o nosso setor entre a cruz e a espada. Se aumentarmos o valor do serviço ou imóvel, eu perco o volume de prováveis compradores. Se não aumentar, pode quebrar a empresa. Isso nos inquieta muito”, complementou o presidente do Sinduscon/PE.

O sentimento de não ter saída foi o mesmo relatado pelo engenheiro e proprietário da Trummer Construtora, Érico Trummer. Com atuação em obras, reformas, incorporações e construção em geral, o empresário está convivendo com o cenário exposto pelo presidente do Sinduscon/PE. “Na construção civil, o cálculo sobre o preço final do imóvel é feita de forma invertida. Nós precisamos determinar o valor de venda, que é feito de acordo com o nível social dos clientes e do quanto eles podem comprar, e a partir daí temos que adaptar os custos a estes preços determinados. Muitas vezes o que acontece é a diminuição do resultado da empresa”, explicou Érico Trummer.

Érico Trummer, proprietário da Trummer ConstrutoraÉrico Trummer, proprietário da Trummer Construtora / Crédito: Divulgação/Assessoria

Érico Trummer, proprietário da Trummer Construtora / Crédito: Divulgação/Assessoria

Como consequência da elevação nos preços dos materiais, as construtoras estão modificando uma das diretrizes das obras, que visava terminar o imóvel no menor tempo possível para diminuir os custos fixos. “Para minimizar as perdas, estamos precisando adiar os novos lançamentos para que o valor dos itens volte à normalidade. Além disso, também estamos diminuindo o ritmo das obras, mas sem ultrapassar o prazo estabelecido para a entrega do empreendimento”, relatou Érico Trummer.  

As reformas residenciais também estão sendo afetadas pelo aumento. Com os preços mais caros, o custo para fazer qualquer obra se torna maior, fazendo com que os donos de imóveis optem por esperar um pouco mais até os valores baixarem, algo que já está sendo observado pela Sinduscon/PE. “Nós já vemos, hoje, um número menor de produtos aumentando do que víamos há três meses atrás, o que é um bom sinal. Dos 25 insumos pesquisados pelo CUB, dez tiveram alta em janeiro, 13 se mantiveram estáveis e apenas dois diminuíram. Em fevereiro, oito aumentaram, quatro ficaram estáveis e 13 produtos diminuíram o preço. A nossa previsão é que ao longo desse primeiro semestre os preços voltem a se adequar”, explicou Érico Furtado.

O presidente do Sinduscon/PE, inclusive, recomenda esperar um pouco mais. “Eu aconselharia só fazer a obra se for essencial. Por causa da pandemia, as pessoas começaram a ficar mais em casa e perceberam que poderiam mudar uma coisa ou outra dentro da residência. Mas quem tem pouca reserva financeira tem que ter cautela, pois pode ser que amanhã ou depois falte esse dinheiro que está sendo investido”, disse Érico Furtado.

Já na aquisição de novos imóveis, o presidente acredita que quem tem condições de comprar um bem durável deve adquirir o quanto antes. “Quem puder fazer, sempre é o momento. Se a pessoa tem condições de investir em um bem durável, sugiro que faça logo porque esse aumento recente dos preços pode ser repassado pelo empresário a qualquer momento”, finalizou Érico Furtado. 

Érico Furtado, presidente do Sinduscon/PEÉrico Furtado, presidente do Sinduscon/PE / Crédito: Divulgação/Assessoria

Érico Furtado, presidente do Sinduscon/PE / Crédito: Divulgação/Assessoria

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