Meirelles critica gastos 'eleitoreiros' de Bolsonaro e falta de responsabilidade fiscal do governo
Ex-ministro questionou pacote de bondades anunciado pelo presidente, que inclui 13º do Auxílio Brasil e renegociação de dívidas
O ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, criticou o pacote de bondades que vem sendo anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) nos últimos dias. O economista classificou os anúncios, como o 13º do Auxílio Brasil, como "gastos eleitoreiros", motivados apenas pela campanha, e criticou a falta de responsabilidade fiscal do governo.
Ele pontuou que, a mais de 20 dias para o segundo turno, o governo já anunciou a inclusão de mais 500 mil famílias no Auxílio Brasil, o pagamento de um 13º para mulheres que recebem o benefício a partir de 2023 e a renegociação de dívidas pela Caixa Econômica. "Gastos sociais são essenciais. Mas, neste caso, o gasto é eleitoreiro e está disfarçado de social por causa da campanha", escreveu.
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Em sua postagem, Meirelles alerta para a aceleração do gasto público que vem sendo promovida pelo governo. "Há cerca de R$ 158 bilhões que não se sabe de onde virão. No total, o rombo para 2023 pode ser de R$ 430 bilhões, de acordo com o Ibre/FGV", escreveu. Para ele, esse tipo de medida, que agrada o eleitor e o político agora, pode trazer crises no futuro, com aumento da inflação, da dívida e dos juros combinados com menor crescimento.
Bolsonaro tenta a reeleição e está avançando em anúncios mirando eleitores mais pobres. Meirelles, por sua vez, já declarou apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda antes do primeiro turno.
Cheque em branco
A gastança promovida pelo governo é classificada como "cheque em branco" pelo ex-ministro. "Está se falando pouco disso no mercado e no meio produtivo. Está se dando um cheque em branco ao governo neste aspecto". argumenta.
Meirelles diz que vê as cobranças por informações dos programas econômicos das campanhas de Lula e Bolsonaro. No caso de Lula, ele diz que há pedidos de detalhamento e equipe. "Não vejo uma cobrança semelhante sobre essa gastança do governo, que será desastrosa para o país qualquer seja o presidente no ano que vem", escreveu.
O economista lembra que o cenário de 2023 será desafiador, com o mundo em recessão, inflação alta e a guerra da Ucrânia indefinida. Nesse sentido, ele defende que o Brasil precisa recuperar a confiança do mercado internacional, em que pese a inflação em queda e o PIB crescendo "por medidas artificiais tomadas pelo governo".
"Mas a perspectiva para 2023 é de crescimento quase zero e inflação ainda alta. Com estes gastos, pode ser pior. Não é um bom caminho para recuperar confiança", afirmou.