Meirelles diz que tinha "99,9% de independência" em seu período no BC por acordo com Lula
Economista foi citado por presidente em sua cruzada contra os juros altos e críticas a Roberto Campos Neto
Henrique Meirelles disse nesta terça-feira (7) que tinha “autonomia operacional” e “99,9% de independência” em seu período à frente do Banco Central (BC), nos dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O economista foi citado como exemplo pelo presidente, que está em uma cruzada contra os juros altos e críticas a Roberto Campos Neto, atual titular da autoridade monetária.
— Por um acordo firmado com Lula, eu tinha autonomia operacional, 99,9% de independência, é verdade o que o presidente disse. Mas acho positiva a independência do Banco Central. É algo consagrado no mundo inteiro e o Brasil foi um dos últimos países a instituir [esse instrumento]— afirmou, acrescentando que vizinhos como a Argentina e o México também têm bancos centrais independentes.
Leia também
• Lula formaliza convite, e Paulo Câmara aceita a presidência do BNB
• Lula critica privatização da Eletrobras, mas diz que prioridade é combate à fome
• Lula sobre juros: "A culpa é do Banco Central. Agora é o Senado que pode trocar o presidente do BC"
Meirelles diz que essa organização é positiva para a economia e para a imagem do país, lembrando que hoje existe uma independência formal, garantida em lei, independentemente de quem for o presidente da República. Para Meirelles, o BC realiza um trabalho específico.
— O Banco Central faz seu trabalho na política monetária, assim como o STF faz seu trabalho na área judicial e o TCU na área de contas da União — concluiu.
Ao voltar a se queixar nesta terça-feira das altas taxas de juros e da independência do BC, Lula afirmou que Meirelles — indicado por ele — ficou oito anos em seu governo. Disse que o ex-presidente da autarquia tinha 99,9% de autonomia, e não 100%, porque o governo precisa ter condições de discutir os juros, a inflação e outros indicadores econômicos.