Economia

Mercado aposta em manutenção da Selic em 13,75%

Se a expectativa se concretizar, a taxa será mantida pela quarta reunião consecutiva em 13,75%, o nível mais alto desde janeiro de 2017

Banco Central do Brasil Banco Central do Brasil  - Foto: Marcello Casal Jr/ Agencia Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil (BCB), vai manter a Selic, sua taxa básica de juros, em 13,75% ao ano, no mesmo nível desde agosto de 2022, segundo previsões do mercado, que adiou sua expectativa de baixas devido à inflação, ainda ameaçadora.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil inicia, nesta terça-feira (31), sua primeira reunião do ano e a primeira sob o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e divulgará sua decisão na quarta-feira ao final do encontro.

Mais de uma centena de consultorias e entidades financeiras concordam em que a autoridade monetária não fará mudanças na Selic, de acordo com uma consulta do jornal econômico Valor.

Se a expectativa se concretizar, a taxa será mantida pela quarta reunião consecutiva em 13,75%, o nível mais alto desde janeiro de 2017.

A Selic alcançou este percentual em agosto de 2022, quando o comitê encerrou o ciclo de altas iniciado a partir de um piso histórico de 2%, em março de 2021, para incentivar uma economia deprimida pela pandemia.

O BCB continuou com seu ajuste monetário durante um longo período de inflação elevada, estendido pelo aumento dos preços dos alimentos e do petróleo como consequência da guerra da Rússia na Ucrânia.

O governo de Jair Bolsonaro conseguiu moderar as altas às custas de corte de impostos e outras medidas. Mas a inflação chegou a 5,79% em 2022, acima da meta do Banco Central, com teto de 5%.

O Copom havia se reunido pela última vez em dezembro. Na ocasião, o comitê destacou a persistência das pressões inflacionárias no cenário internacional e a incerteza com o futuro da estrutura fiscal do país e estímulos fiscais adicionais no governo Lula.

Em suas atas, destacou que se manteria "atento" para avaliar se sua estratégia de manter a taxa básica de juros por um período prolongado poderia "assegurar a convergência da inflação" com as metas.

A meta da inflação do BCB para 2023 é de 3,25%, com margem de +/-1,5 ponto percentual.

No entanto, o mercado elevou suas expectativas sobre os preços no varejo para este ano no Brasil a 5,74% contra 5,31% há um mês, segundo o último boletim Focus do Banco Central.

Os analistas veem no horizonte o início das baixas da Selic, que esperam que se situe em 12,50% no fim deste ano, segundo o boletim.

"Bobagem"
Preocupado com a saúde da economia daqui para a frente, o mercado se mantém atento ao recém-empossado governo de Lula, cujas declarações geraram vários sobressaltos.

Em sua primeira entrevista como presidente, em meados de janeiro, ele qualificou de "bobagem" a autonomia do BCB e questionou o nível da Selic.

Os juros elevados, uma ferramenta para controlar as altas dos preços, também encarecem os créditos e esfriam a economia.

Além disso, durante a transição, o novo governo conseguiu aprovar no Congresso uma iniciativa para ampliar os gastos fora do orçamento, com o objetivo de financiar programas sociais.

Isso gerou inquietação sobre um possível descontrole fiscal durante o governo Lula.

Ricardo Jorge, sócio da plataforma de investimentos Quantzed, diz que "o comportamento dos preços no Brasil tem sido mais benéfico do que se esperava".

"Ainda assim, o ano de 2023 segue cheio de incertezas, com as polêmicas declarações (de Lula) sobre a independência do BC e possíveis mudanças em relação à meta da inflação", avalia.

Tudo isso "tem interferência" na dinâmica dos juros, acrescenta Jorge, que não espera mudanças na Selic.

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