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7,65%

Mercado espera inflação de 7,65% no ano, mais que o dobro da meta do governo

Dado consta no boletim Focus, do Banco Central. Publicação não foi divulgada por três semanas, em razão da paralisação de servidores, e foi retomada nesta terça

EconomiaEconomia - Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Após três semanas sem publicação por causa daparalisação dos servidores, o Banco Central voltou a divulgar oboletim Focus, que reúne as projeções do mercado, nesta terça-feira (26). Nesse período “no escuro”, as expectativas de inflação subiram de 6,86% neste ano, no relatório divulgado em 28 de março, para 7,65% nesta semana. A expectativa, assim, é mais que o dobro da meta oficial da inflação para o ano, de 3,5%, e está em elevação há 15 semanas.

O mercado tambémelevou a sua projeção para a Selic neste ano, que passou de 13% para 13,25%. A expectativa de crescimento do PIB variou de 0,5% para 0,65%.

Em março, quando o último relatório foi divulgado, já fazia sete semanas que economistas recalculavam a inflação de 2022 para cima, cada vez mais longe da meta de 3,5% estabelecida para este ano. Mesmo considerando o intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima ou para baixo, o número ainda ficariaacima do teto, que seria de 5%, o que implicaria no descumprimento da meta pelosegundo ano consecutivo. A atual projeção extrapola o teto da meta em 2,65 p.p..

A inflação vem semantendo alta e persistente no Brasil. Os preços também são impactados pelos reflexos da guerra entre Ucrânia e Rússia nos combustíveis e alimentos em todo o mundo. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, já admitiu que o núcleo de inflação estámuito alto e disse que o indicador do IPCA de março, o maior para omês desde 1994, foi uma surpresa.

A paralisação dos servidores do BC vinha afetando a divulgação de relatórios des demeados de março, quando começaram os atrasos nas divulgações de indicadores – além do Focus, o Ptax, taxa de câmbio usada como referência para o dólar comercial, foi afetado.

Em abril, vários relatórios deixaram de ser publicados, como de estatísticas fiscais, de crédito e do setor externo, e o IBC-Br, considerado uma prévia do PIB. Especialistas alertavam que a não divulgação dessas pesquisas poderia afetar até mesmo a reunião do Copom, marcada para os dias 3 e 4 de maio.

Os servidores, no entanto, após algumas rodadas de reuniões com Campos Neto optaram por interromper a greve. A avaliação é de que a sinalização de reajuste de 5% por parte do governo para todos os servidores aliada ao avanço de reivindicações dessa carreira que não estão relacionadas a questão salarial permitiam uma “pausa” na mobilização. A categoria aguarda uma proposta oficial do governo até o dia 2 de maio.

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