Mercado paralelo de câmbio na Argentina paralisa após operação contra fraude de US$ 400 milhões
Mandados de busca e apreensão ocorreram um dia após dólar blue fechar em patamar recorde de 843 pessoas
O mercado paralelo de câmbio na Argentina foi praticamente paralisado nesta quinta-feira (5), após o governo argentino ter deflagrado uma operação conjunta entre a Receita Federal e a Polícia Federal para coibir um esquema de evasão de divisas.
Foram 51 mandados de busca e apreensão no centro de Buenos Aires e nas cidades de Rosário, Córdoba e Bahía Blanca. A operação ocorreu um dia após a cotação do chamado dólar blue bater recorde - a moeda americana fechou em 843 pesos.
No centro da capital, onde ficam as chamadas cuevas (pontos informais de troca de moedas), os mandados foram cumpridos nas primeiras horas da manhã, levando os "operadores" de câmbio a paralisar as negociações.
"Não estamos operando - disse um deles ao jornal argentino La Nación."
Dezoito bancos, além de oito escritórios de contabilidade e 25 sociedades da área financeira foram alvo da operação. Eles são acusados de evasão de US$ 400 milhões por meio de importações supostamente fraudulentas.
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Há outros envolvidos, de acordo com o diretor da Direção Geral de Alfândegas (DGA), Guillermo Michel, que deu entrevista à agência de notícias France Press.
Segundo ele, 157 empresas denunciadas pelas autoridades "simularam operações de importação, nunca importaram nada e enviaram para o exterior cerca de US$ 400 milhões".
As transações investigadas teriam ocorrido entre 2020 e 2022.
As autoridades argentinas periodicamente realizam operações nas "cuevas". De acordo com o La Nación, a última vez que uma operação desse porte ocorreu foi em agosto.
É comum nas ruas do centro de Buenos Aires haver pessoas gritando "câmbio, câmbio", para atrair turistas para as negociações no mercado paralelo, cuja cotação é mais que o dobro da oficial - este está em cerca de 350 pesos.
Apesar de operarem de forma independente, essas "cuevas" ditam o valor da moeda no mercado informal. Elas acabam oferecendo cotações muito semelhantes, o que permite haver registros diários do valor do dólar blue.
Na quinta, porém, com muitas "cuevas" de portas fechadas, o mercado paralelo ficou sem referência. As poucas casas que funcionaram chegaram a vender o dólar blue a 870 pesos em Palermo, bairro nobre de Buenos Aires. No interior do país, a cotação alcançou 900 pesos, segundo o La Nación.

