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TECNOLOGIA

Meta diz que decisão do governo de suspender uso de dados para treinar IA é "retrocesso"

Empresa diz que medida trava inovação e que pode atrasar benefícios do uso de inteligência artificial no Brasil

Governo brasileiro vetou nova política da Meta de uso de dados de clientes para treinar IA Governo brasileiro vetou nova política da Meta de uso de dados de clientes para treinar IA  - Foto: Lionel Bonaventure/ AFP

Após o governo brasileiro determinar a suspensão da recém-anunciada nova política da Meta (dona do Facebook e do Instagram) sobre coleta de dados de seus usuários para o treinamento de ferramentas de inteligência artificial (IA), a big tech afirmou, em nota, que decisão é "retrocesso" e "atrasa a chegada de benefícios da IA para as pessoas no Brasil".

A decisão aconteceu por meio da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que está sob o guarda-chuva do Ministério da Justiça, e definiu que a Meta deverá interromper as normas para a internet brasileira, sob pena de multa diária de R$ 50 mil. Elas estavam em vigor desde o último dia 26 e eram válidas para Facebook, Instagram e Messenger.

 

Com os conteúdos publicados nessas plataformas, a empresa de Mark Zuckerberg tinha a intenção de treinar e aperfeiçoar recursos de IA generativa — a que é capaz de criar textos, fotos, vídeos e mais. A big tech se posicionou dizendo que estão "desapontados" com a decisão da ANPD, já que acreditam cumprir a legislação brasileira de privacidade.

"Treinamento de IA não é algo único dos nossos serviços, e somos mais transparentes do que muitos participantes nessa indústria que têm usado conteúdos públicos para treinar seus modelos e produtos. Nossa abordagem cumpre com as leis de privacidade e regulações no Brasil, e continuaremos a trabalhar com a ANPD para endereçar suas dúvidas. Isso é um retrocesso para a inovação e a competividade no desenvolvimento de IA, e atrasa a chegada de benefícios da IA para as pessoas no Brasil", informou a empresa, em nota.

Decisão preventiva
A ANPD vinha sendo notificada a respeito desde a semana passada. O Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) foi uma das entidades que acionou o órgão sobre o tema.

O procedimento foi instaurado de ofício, ainda sem tramitação completa. Por isso, a suspensão da nova política é considerada uma medida preventiva. Para a autoridade, há "riscos de dano grave e de difícil reparação aos usuários".

Segundo o órgão, faltam informações adequadas e necessárias aos usuários a respeito da nova política, e sobram obstáculos para que eles possam se opor à utilização dos dados em questão, já que é possível negar esse uso, mas isso não é facilitado nas plataformas.

Pesou também para a decisão, aprovada pelo conselho diretor da ANPD, o fato de que a nova política entregaria à IA milhões de informações cedidas à Meta anos atrás, quando a inovação sequer existia. A preocupação com fotos e vídeos de crianças e adolescentes foi outro fator considerado. De maneira geral, o entendimento foi que as intenções da Meta ferem a Lei Geral da Proteção de Dados (LGPD).

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