Logo Folha de Pernambuco

déficit zero

Meta fiscal: Haddad tenta convencer Lula a não alterar o alvo agora

Ministro ainda não "jogou a toalha" sobre o déficit zero e tenta convencer presidente que há tempo de aprovar medidas de arrecadação

Lula e Fernando Haddad Lula e Fernando Haddad  - Foto: Joseph Eid/AFP

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sabe que será difícil manter a meta de déficit primário zero em 2024, mas interlocutores próximos a ele dizem que ele ainda não jogou a toalha. A estratégia nas conversas com Lula será convencer o presidente de que ainda é cedo para fazer essa alteração - fala-se de um déficit entre 0,25% e 0,5% do PIB - porque há medidas de arrecadação sendo encaminhadas para o Congresso que podem evitar o pior cenário.

A lógica que vem sendo exposta a Lula pelo ministro é bastante simples. A meta zero permite um reequilíbrio mais rápido das contas públicas, com reflexos sobre o dólar, a inflação e a taxa de juros. Os ganhos seriam imediatos para o governo. Para atingir esse objetivo, há dois caminhos: aumentar a arrecadação, como defende a Fazenda, ou adotar as medidas de contingenciamento, que desagradam a Lula.

O terceiro caminho, que vem sendo proposto pela Casa Civil e correntes de dentro do PT, é fazer a alteração para pior da meta. Mas isso também significaria um reequilíbrio mais tardio da dívida pública, com impacto negativo sobe o dólar, a inflação e a taxa Selic.

São esses os três cenários que Haddad têm colocado sobe a mesa de Lula, com o pedido de que ainda é possível seguir o plano da Fazenda. Ou seja, aprovar medidas de arrecadação, para reequilibrar as contas públicas, sem a necessidade de contingenciamentos e sem esses impactos negativos.

Por isso, o ministro pede mais alguns meses antes de que a decisão seja tomada. Pelo menos até março do ano que vem, quando será divulgado o primeiro relatório bimestral de receitas e despesas de 2024. Nesse documento, caso haja desequilíbrio orçamentário, o contingenciamento teria que ser acionado. Por outro lado, se as medidas de arrecadação forem aprovadas, o impacto pode ser pequeno, preservando a meta.

A situação atual é vista por assessores de Haddad como semelhante à mudança da meta de inflação de 2026. Lula chegou a bater o martelo para que a meta subisse, mas foi convencido no último minuto pelo ministro de que isso poderia impedir o início do corte da taxa Selic pelo Banco Central.

Em conversa nesta sexta-feira com jornalistas, Haddad afirmou que só voltará ao assunto "quando houver novidades", admitindo indiretamente que há sim o risco iminente de mudança. Mas ele ainda não "jogou a toalha".

No Planalto, Costa defende a mudança da meta já na próxima segunda-feira, por meio de uma mensagem modificativa à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que será votado na próxima semana. Esse seria o caminho mais rápido, porque depende apenas da vontade do Executivo, que enviou a LDO ao Congresso.

Já o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tem uma visão mais alinhada com a de Haddad. Ele tem defendido a concentração de esforços nas medidas de arrecadação, antes de qualquer mudança.

— Não faz sentido a gente fazer qualquer discussão sobre meta fiscal antes de concentrarmos o nosso trabalho nas medidas que garantem ampliação da arrecadação [...] O plano do governo é estar concentrado nesse momento em aprovar as medidas que ampliam a arrecadação e fazem justiça tributária no país, e com isso consolida o ambiente macroeconômico que vem provocando a queda de juros no país [...] Desde outubro eu tenho dito que esse governo vai continuar perseguindo o esforço de ter aquilo que já encaminhou para a LDO que é o déficit zero no país.

Nos bastidores, a avaliação é que o relator do Orçamento, deputado Danilo Forte (União-CE), pode ler o relatório com a meta atual e alterar o que for preciso, mesmo após a votação. Na reunião com líderes da Câmara nesta semana, Padilha apresentou uma lista de projetos que precisam ser aprovados e fará o mesmo com a reunião com senadores no próximo dia 8.

Veja também

Governo bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024
Orçamento de 2024

Governo Federal bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Newsletter