Tecnologia

Meta vai deixar de pagar pelo conteúdo de notícias na Austrália

Empresa anunciou ainda que vai encerrar a aba de notícias do Facebook no país e também nos Estados Unidos

MetaMeta - Foto: Lionel Bonaventure/AFP

A Meta, dona do Facebook e do Instagram, vai deixar de remunerar os editores de notícias australianos pelo conteúdo veiculados em suas páginas na internet, desencadeando uma nova batalha com o governo da Austrália, segundo a Reuters.

A medida anunciada pela empresa de Mark Zuckerberg vem após a Austrália liderar o cenário internacional ao implementar, em 2021, uma lei que força as gigantes da internet, como Meta e Google, a negociarem acordos de licenciamento com os editores de notícias.

As editoras de notícias e governos, como o australiano, argumentaram que essas empresas se beneficiam injustamente da receita de publicidade gerada pelos links de artigos e notícias compartilhadas em suas plataformas.

A Meta, por sua vez, ressalta que vem reduzindo sua promoção de notícias e conteúdo político para aumentar o tráfego e que os links de notícias são agora uma fração dos feeds dos usuários.

A empresa anunciou ainda que vai encerrar a aba de notícias do Facebook na Austrália e nos Estados Unidos. No ano passado, a Meta já havia cancelado o serviço de notícias no Reino Unido, França e Alemanha.

Em um post em seu blog, a empresa afirmou que, no ano passado, o número de pessoas que acessam o Facebook News na Austrália e nos EUA caiu 80%.

"Não entraremos em novos acordos comerciais para conteúdo tradicional de notícias nesses países e não ofereceremos novos produtos do Facebook especificamente para editores de notícias", acrescentou a empresa em seu comunicado, indo contra a lei australiana promulgada em 2021.

O primeiro-ministro Anthony Albanese comentou a decisão, destacando que é injusto uma empresa ''lucrar com o investimento de outras, não apenas o investimento em capital, mas o investimento em pessoas, o investimento em jornalismo''. Os maiores veículos de mídia da Austrália também criticaram a decisão, dizendo tratar-se de um ataque ao setor.

Michael Miller, diretor-executivo da News Corp Australia, disse ao jornal britânico Financial Times que a Meta está usando "seu imenso poder de mercado para se recusar a negociar". E afirmou que essa decisão pode afetar a viabilidade de empresas de mídia regionais do país.

O governo australiano está buscando orientação do Departamento do Tesouro e da Comissão Australiana de Concorrência e Consumidores (ACCC) sobre os próximos passos a serem tomados.

Rod Sims, ex-presidente da ACCC que supervisionou a elaboração da lei, classificou a reversão da Meta como egoísta e manifestou preocupação com o impacto da medida na sociedade, pois a decisão prejudica a qualidade do jornalismo que aparece nas mídias sociais.

A reportagem da Reuters lembra que, com base na lei australiana de 2021, o governo tem o poder de decidir se vai nomear um mediador para definir as taxas a serem pagas pela Meta e, potencialmente, aplicar multas caso a empresa se recuse a cooperar. A maioria dos acordos do Meta com a mídia australiana teve duração de três anos e deve expirar em 2024.

O Meta, no entanto, não é obrigada a pagar aos editores de notícias caso bloqueie os usuários de republicar artigos de notícias, como chegou a fazer em 2021. A gigante americana tem feito o mesmo no Canadá desde o ano passado, quando o país aprovou leis semelhantes.

Embora valores não tenham sido divulgados, os meios de comunicação australianos informaram que os acordos do Facebook valem o equivalente a US$ 45 milhões por ano para o setor. No caso do Google, os acordos de licenciamento de mídia australianos tiveram duração de cinco anos, e expiram em 2026. Um porta-voz disse que a empresa já iniciou as negociações para a renovação dos acordos.

Muitos governos em todo o mundo continuam interessados em proteger seus setores de notícias locais para que não sejam excluídos do mercado de publicidade on-line. No mês passado, por exemplo, a Indonésia informou que também planeja fazer com que as big techs paguem pelo conteúdo de notícias.

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