Metrô de Tóquio chega à Bolsa, levanta US$ 2,3 bilhões e atrai fãs
Promoção oferecia tempurá grátis e passe ilimitado para quem comprasse ações, atraindo pequenos investidores
Com quase 100 anos de História, o metrô de Tóquio, um dos maiores do mundo, chegou finalmente à Bolsa de Valores em meio a um frenesi entre usuários do serviço e pequenos investidores, muitos dos quais compraram as ações da empresa por sua paixão pelos trilhos e também por promoções que visavam mobilizar a atenção dos consumidores.
As ações da empresa estrearam na Bolsa de Tóquio com alta de nada menos do que 45%. Com nove linhas e 180 estações, a rede transporta diariamente 6,5 milhões de passageiros na Região Metropolitana de Tóquio – quase o dobro do número de usuários do metrô de Nova York, por exemplo.
A estreia na Bolsa mobilizou clientes e fãs nos últimos meses. Para atrair investidores, o metrô ofereceu a quem comprasse mais de 200 ações (vendidas, cada uma, a US$ 8, exigindo assim um investimento de cerca de R$ 9 mil) sorteios com prêmios como entradas grátis para o museu da empresa e para seu campo de golfe.
E, ainda, cupons de tempurá para complementar porções de noodles, o tradicional macarrão japonês, nos quiosques de fast food espalhados pelas estações do metrô.
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'Trending topics' entre pequenos investidores
Quem investisse em 10 mil ações (ou seja, US$ 8 mil ou R$ 44.800), poderia ser sorteado com seis meses de passes ilimitados para usar o transporte.
— Eu nem calculei detalhes como o rendimento dos dividendos, apenas vi os benefícios e imediatamente decidi comprar – conta Fumiaki Totsuka, de 54 anos, profissional de direito em Tóquio.
No bar em que frequenta, o Stock Pickers – um ponto de encontro de investidores que oferece drinques com nomes sugestivos como “A Bolha da TI”, “Warren Buffett” ou “Abenomics” - o IPO (abertura de capital) do metrô de Tóquio esteve entre os trendigs topics mais comentados entre seus pares. Tosuka foi um entre as centenas de investidores que fez uma reserva de 2 mil ações do metrô.
Dívida após terremoto de Fukushima
A abertura de capital permitiu que o governo federal japonês e ao governo metropolitano de Tóquio levantassem US$ 2,3 bilhões. A parte do governo fedral será usada para abater a dívida contraída nos esforços de reconstrução das áreas do país afetadas pelo terremoto e o tsunami de Fukushima, em 2011.
O governo federal tinha 53% do metrô, e o governo metropolitano de Tóquio, 47%. Ambos reduziram suas participações à metade – e, assim, agora, 50% da empresa tem capital pulverizado em Bolsa.
Inaugurado em 1927, o metrô de Tóquio é conhecido por seus trens pontuais, limpeza exemplar e infraestrutura moderna e, estando sob controle estatal, contrasta com as redes de outras grandes metrópoles globais, como Londres, Paris ou Nova York, cujas empresas hoje acumulam grandes dívidas e têm dificuldades para modernizar sua infraestrutura.
O IPO é o maior programa de privatização no país desde a abertura de capital dos Correios, em 2015.