Milei promete fechar o banco central argentino "mais cedo ou mais tarde"
Fechamento foi uma das promessas de campanha mais controversas do atual presidente
O presidente argentino, Javier Milei, elogiado por seu pragmatismo desde que assumiu o cargo, reafirmou uma de suas promessas de campanha mais controversas: fechar o banco central. A instituição será fechada “mais cedo ou mais tarde”, disse ele à Radio La Red nesta quinta-feira, quando questionado se ainda planejava dolarizar a economia.
Milei também previu que a inflação mensal de dezembro ficaria abaixo dos 30% — e mais próxima dos 25% — “um sucesso retumbante” da sua equipe econômica, em meio a expectativas de até 45%.
Mas uma inflação anual estimada em mais de 200% coloca a Argentina à frente da Venezuela como país com a alta de preços mais acelerada na América Latina.
As dúvidas sobre a determinação de Milei em fechar o banco central aumentaram à medida que ele abrandou o tom após vencer o segundo turno em novembro. A decisão de abandonar alguns de seus conselheiros mais polêmicos e nomear membros da equipe do ex-presidente Mauricio Macri também foi vista como um sinal de que ele iria moderar suas ambições.
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Depois que o novo governo assumiu o poder em dezembro, o ministro da Economia, Luis Caputo, disse ao canal LN+ que as causas de dolarização e fechamento do banco central “não foram deixadas de lado.” Mas Santiago Bausili, escolhido por Milei para chefiar a autoridade monetária e ex-sócio de Caputo, também disse na época que a instituição não seria fechada enquanto ele estivesse no comando.
Atualmente, existem apenas alguns poucos países que operam sem um banco central. A lista inclui Panamá, Kiribati, Tuvalu, Micronésia, Andorra, Ilhas Marshall, Mônaco, Nauru e Palau. A maioria deles tem populações pequenas e alguns são considerados paraísos fiscais.
Milei também aproveitou sua entrevista de rádio para sinalizar que a Argentina recebeu 60 pedidos de reuniões bilaterais no próximo Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça. Ele disse estar confiante de que conseguirá o apoio necessário do Congresso para aprovar o pacote abrangente de reformas que ele enviou recentemente ao Legislativo.
Ele elogiou o novo acordo alcançado na quarta-feira com o Fundo Monetário Internacional.
“Foi a negociação mais rápida com o FMI da história”, disse o presidente.