ARGENTINA

Milei tem vitória inicial com medidas na Argentina, mas analistas dizem que é cedo para comemorar

Desvalorização do peso no mercado de câmbio oficial, fortemente controlado, não desencadeou nenhum efeito dominó nos inúmeros mercados paralelos do país

Javier Milei, presidente da ArgentinaJavier Milei, presidente da Argentina - Foto: JUAN MABROMATA / AFP

O novo presidente da Argentina, Javier Milei, conseguiu importante vitória no primeiro dia da grande experiência para restaurar a economia do país devastada pela crise.

As medidas do seu governo para desvalorizar o peso e cortar o orçamento foram bem recebidas tanto em Wall Street, onde operadores buscaram os bonds do país, quanto internamente, onde não houve sinais de pânico entre os compradores e investidores argentinos preocupados com a inflação.

No que se revelará uma medida crucial da capacidade de Milei para controlar a inflação que ultrapassa os 160%, a desvalorização do peso no mercado de câmbio oficial, fortemente controlado, não desencadeou nenhum efeito de dominó nos inúmeros mercados paralelos do país.

Essa estabilidade foi uma indicação de que os argentinos acreditam, pelo menos por enquanto, que o plano de Milei tem boas chances de funcionar.

O plano é “uma série de medidas eletrizantes e relâmpago que são música para os ouvidos dos ávidos seguidores de planos bem-sucedidos de estabilização de mercados emergentes”, diz , em nota, Pedro Siaba Serrate, economista da Portfolio Personal Inversiones em Buenos Aires.

Os argentinos parecem dispostos a suportar o peso de curto prazo porque Milei promete alívio à frente — se todos puderem se esforçar para as provações que virão, a redenção está a caminho. E a população está desesperada por alívio à medida que o país se dirige para a sua sexta recessão da última década, com taxas de pobreza batendo 40%, após anos de má gestão.

O plano de Milei – anunciado de uma forma um tanto caótica durante a noite de terça-feira– reduziu o valor do peso para 800 por dólar, de cerca de 365. Ele pediu a redução dos gastos do governo no montante equivalente a 3% do PIB. Os subsídios aos transportes e à energia serão reduzidos e haverá menos apoio federal às províncias.

Não há dúvida de que será doloroso para a maioria das pessoas, uma vez que as refinarias de combustíveis já aumentaram os preços em cerca de 40%, de acordo com uma reportagem no La Nación.

Mas, neste momento, os argentinos vêem o plano como a melhor aposta para normalizar a economia.

Funcionários do governo realizaram uma reunião com executivos de bancos locais em uma tentativa de proporcionar garantias. O presidente do banco central, Santiago Bausili, disse a eles que o objetivo a curto prazo é acumular reservas em dólares, com um objetivo mais amplo de eliminar as restrições cambiais no futuro, segundo pessoas que participaram na reunião, mas que pediram para não serem identificadas.

Bausili também contou aos presentes à reunião que não quebrará contratos nem violará compromissos anteriores com os bancos, e não haverá quaisquer alterações impostas a títulos que já foram vendidos.

O chefe do banco central espera que mais dólares fluam para o país em 2024 provenientes das exportações agrícolas e do investimento estrangeiro, disseram as pessoas.

A assessoria de imprensa do banco central não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Essas garantias ajudaram a manter o peso estável no chamado mercado de swap blue-chip, que os argentinos usam para contornar os controles cambiais. Assim, a queda da taxa oficial deixou a taxa paralela cerca de 23% mais fraca, abaixo da diferença de quase 65% nos dias após a eleição de Milei.

Alguns analistas e investidores alertaram, porém, que o otimismo pode ser exagerado. Alejo Costa, estrategista-chefe do BTG Pactual em Buenos Aires, disse que é muito cedo para comemorar as taxas de câmbio mais apertadas.

“Esses planos sempre provocam redução do gap cambial no primeiro dia”, disse Costa. “Depois, começa a crescer.”

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