Ministério Público do Trabalho vai apurar maus tratos a trabalhadores em obras da fábrica da BYD
Após denúncia anônima, MPT da Bahia vai investigar se houve violência física a trabalhadores. Três empresas terceirizadas também serão investigadas.
O Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA) iniciou uma investigação para apurar as condições de trabalho nas obras da fábrica da montadora BYD, em Camaçari, na Bahia, em ação que mira não só a gigante chinesa de carros elétricos como também três empresas terceirizadas que são suas parceiras.
Serão analisados relatos de violência física aos trabalhadores e os planos de prevenção de acidentes e de saúde ocupacional das empresas.
As obras da BYD são para adaptar a antiga fábrica da Ford em Camaçari e para construir novas instalações para a produção dos seus carros elétricos.
O inquérito foi aberto a partir de uma denúncia anônima recebida no dia 30 de setembro, segundo o MPT-BA. Com isso, as informações estão sendo reunidas para a apresentação de uma proposta de ajuste de conduta ou eventual ação judicial.
Leia também
• Petrobras terá primeira fábrica de metanol verde, combustível usado em navios, do Brasil
• EUA destinará US$ 6,6 bi para fábrica da gigante taiwanesa TSMC no Arizona
• Incêndio atinge fábrica de colchões em Olinda; não houve vítimas
Em nota enviada ao jornal “Valor”, a BYD informou que repudia os tratamentos aplicados por “funcionários de empresas terceirizadas aos trabalhadores na construção da fábrica de Camaçari (BA)”. E afirmou que determinou o afastamento dos agressores e os proibiu de acessar a unidade.
O MPT já realizou uma inspeção no dia 11 de novembro no local. O procurador responsável pelo inquérito, Bernardo Guimarães, não descarta a possibilidade de uma nova inspeção.
"As informações que colhemos até o momento apontam para a necessidade de correção de procedimentos relativos ao meio ambiente de trabalho, para garantir a saúde e a segurança dos empregados ", afirmou.
Além do relatório da inspeção, o MPT pretende analisar documentos solicitados à montadora e a outras três empresas contratadas por ela para a realização da obra. O órgão também requisitou cópias dos contratos de trabalho, vistos de trabalho dos estrangeiros que atuam na obra e os planos de prevenção de acidentes e saúde ocupacional.
No local, segundo fontes, a BYD faz as obras em parceria com três empresas chinesas, Jinjiang Group, AE Corp e Open Steel, que são parceiras globais da montadora e trouxeram mão de obra da China para trabalhar no local.
A montadora anunciou, em março deste ano, que o investimento para a construção da fábrica em Camaçari foi elevado de R$ 3 bilhões para R$ 5,5 bilhões, com o início da produção local a partir de 2025.
A capacidade de produção será de 150 mil veículos por ano na primeira fase de implantação, podendo chegar a 300 mil veículos em uma segunda etapa, segundo informações dadas pela companhia recentemente.
Junto com o acréscimo do investimento, a marca chinesa também anunciou a construção de cinco prédios residenciais destinados aos funcionários da fábrica, em março deste ano.
As moradias ficarão a 3,5 km de distância do complexo, em uma área de aproximadamente 81 mil metros quadrados, com capacidade para abrigar 4.230 pessoas. A expectativa da empresa é gerar 10 mil empregos na região. (Colaboração Valor Econômico)