Moove, empresa do grupo Cosan, se prepara para oferecer ações na Bolsa de Nova York
Companhia que produz lubrificantes fez registro para abrir capital no mercado americano
A Moove, que produz lubrificantes para o setor automotivo, agrícola e aéreo, fez pedido de registro para uma oferta de ações na Bolsa de Nova York. A empresa, que tem fábricas no Rio de Janeiro, São Paulo, Estados Unidos e Reino Unido, faz parte do Grupo Cosan, que atua nas áreas de energia, óleo e gás, agronegócio e mineração.
Por aqui, a B3, bolsa brasileira, não registra uma oferta inicial de ações de companhias nacionais nos últimos três anos.
A opção da Moove pela Bolsa de Nova York, segundo fontes do mercado, tem uma explicação: trata-se de uma empresa multinacional, com atuação em diversos mercados, o que justifica a preferência por Nova York para oferta de ações.
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Segundo analistas, no mercado americano existem investidores mais focados em setores específicos, como o de lubrificantes. Isso traz mais interesse pelos papéis da empresa.
Na América do Sul, a Moove tem escritório na Argentina e atende também os mercados da Bolívia, Paraguai e Uruguai. Mais de 47% da receita da empresa já vem dessa região, incluindo o Brasil.
Nos Estados Unidos, a Moove é uma das maiores redes de distribuição do país. Tem várias plantas de produção e mais de 50 centros de distribuição, atendendo mais de dois terços do mercado americano. A partir de sua fábrica no Reino Unido, a empresa distribui seus produtos para a Espanha, França e Portugal, totalizando mais de 40 países e chegando até a Ásia.
Na unidade do Rio de Janeiro, a empresa tem a licença para produzir e distribuir lubrificantes Mobil para todo o país e tem capacidade para fabricar 400 milhões de litros por ano.
Depois de procolar o pedido na Bolsa de Nova York, nesta segunda-feira, a empresa terá 15 dias para fornecer os dados da operação, inclusive o tamanho da oferta e seu valuation (valor de mercado da empresa). Em seguida, a Moove deverá apresentar seu IPO (Initial Public offering) a potenciais investidores no chamado road show. A oferta de ações deve acontecer no meio de outubro.
Os bancos JPMorgan, Bank of America, Citi, Itaú BBA, BTG Pactual e Santander coordenam a oferta.
No primeiro semestre deste ano, a Moove teve lucro de R$ 237,6 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 58,4 milhões registrado no mesmo período do ano passado. Em 2023, o lucro foi de R$ 266 milhões de 2023 completo. A Moove foi criada depois que a Cosan comprou os ativos de fabricação de e distribuição de lubrificantes da ExxonMobil, em 2008.
Se for confirmado o IPO da Moove no mercado americano, será o primeiro desde março de 2023, quando a brasileira Lavoro, distribuidora de insumo agrícolas, abriu seu capital na Nasdaq.
Em 2021, empresas do setor financeiro como Nubank e Stone foram aos EUA oferecer ações na Bolsa de Nova York. No primeiro semestre deste ano, os IPOs nos Estados Unidos movimentaram US$ 20,7 bilhões, maior cifra desde 2022.
No mercado, a expectativa é que além da Moove, a Vale Base Metals, unidade de metais básicos da Vale, também trilhe esse caminho, embora a mineradora não confirme. Outra empresa apontada com potencial para buscar ionvestidores nos EUA é a escola canadense Maple Bear, que pertence ao brasileiro Grupo SEB, do empresário Chaim Zaher.
Para o analista da Guide Investimentos,Mateus Haag, a oferta de ações da Moove nos EUA é positiva. A empresa já havia comunicado o mercado em julho de sua intenção. A Guide estima o valor de mercado da Moove em R$ 11 bilhões, enquanto a Cosan vale R$ 24,5 bilhões.
A Cosan tem 70% da Moove e os outros 30% pertencem à gestora de private equity CVC Capital Partners, que comprou sua participação por R$ 570 milhões em 2018.