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Economia

Mourão diz que investimento público é temporário e apenas um recuo na política econômica de Guedes

O vice-presidente também disse que as reformas tributária e administrativa são essenciais para a retomada do crescimento

Vice-presidente Hamilton MourãoVice-presidente Hamilton Mourão - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que a retomada do investimento público é temporária e representa apenas um "recuo" na política econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes.

"Nesse momento de pandemia, a intervenção estatal foi mais do que necessária e vimos isso acontecer em todos os países do mundo, independente da orientação ideológica de cada governo. Em um momento em que a própria pessoa física passa a não ter condição de gerar renda, e a empresa, de gerar emprego, compete ao Estado colocar recursos na economia", afirmou o vice-presidente em transmissão ao vivo promovida pelo Itaú BBA nesta quarta-feira (29).

Segundo Mourão, mesmo que o desequilíbrio fiscal -intensificado pelo atual momento de crise do coronavírus- ainda seja um problema a ser enfrentado, o governo mantém como norte a implementação das reformas estruturais.

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"Esse norte não está perdido, a intervenção do Estado é uma questão temporária e é apenas um recuo [na política econômica]. É óbvio que esse recuo em 2020 fará com que a gente só atinja o equilíbrio [fiscal] em 2023 ou 2024, mas nosso norte é um só: vamos continuar em busca da redução do déficit fiscal", disse.

O vice-presidente também disse que as reformas tributária e administrativa são essenciais para a retomada do crescimento. Destacou que a PEC Emergencial de Paulo Guedes -pacote de ajustes fiscais apresentado pelo ministro em novembro de 2019 e que tem como objetivo limitar o uso do dinheiro público- até pode ser derrubada ante o atual cenário, mas que, ainda assim, o governo precisará encontrar outras formas de apresentar as medidas apresentadas na proposta.

"A nossa grande âncora fiscal, que é o teto de gastos, está seriamente ameaçada pelo avanço contínuo e inexorável dos gastos obrigatórios. E como diz o ministro Paulo Guedes, nós não podemos furar o teto, temos que quebrar o piso para não deixar esse elevador subir mais", disse.

Segundo Mourão, o assunto deve voltar a ser discutido no Congresso após as eleições municipais. "Sabemos que não é simples de conseguir passar determinadas reformas, que são extremamente abrengentes, no Congresso. Mas temos que fazer todo o esforço possível para que elas avancem. Depois das eleições municipais teremos condições de colocar esse tema de volta para conseguirmos aprová-los em 2021", disse.

Sobre setores específicos da economia, o vice-presidente afirmou que é preciso mudar a forma de encarar o sistema produtivo no Brasil e disse que a expectativa é de uma recuperação não-linear. "Temos alguns setores que já estão preparados e que vão avançar de fora muito mais rápida. O agronegócio, por exemplo, está avançando normalmente, seus gargalos estão no setor de infraestrutura", disse.

"Poderá ser necessário um pequeno empurrão do governo, dentro das nossas capacidades, para que a gente gere uma atividade maior. É um setor emprega mais e as pessoas que trabalharem nesse setor terão sua renda", completou Mourão.

Ainda segundo o vice-presidente, a infraestrutura é o "calcanhar de aquiles" do país e que, com os investimentos públicos exauridos, cabe ao setor privado fazer os investimentos necessários para o avanço do segmento.

"O papel do setor público agora é o de ter os melhores projetos na prateleira e o de dar estabilidade e segurança jurídica para que o parceiro privado investir no país de modo que a gente consiga atingir nossos objetivos", afirmou Mourão.

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