Logo Folha de Pernambuco
Coluna Movimento Econômico

Alta da Selic trava venda de imóveis e pressiona aluguéis

Segundo dados do Banco Central, a taxa média de juros para financiamentos imobiliários já ultrapassou 9% ao ano

Selic impacta setor de formas diferentesSelic impacta setor de formas diferentes - Foto: Divulgação

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic de 13,25% para 14,25% ao ano, está gerando impactos no mercado imobiliário. O setor é um dos mais sensíveis a alterações nas taxas de juros.

Entre os efeitos estão o custo maior para aquisição dos imóveis. A elevação dos juros encarece o crédito imobiliário, tornando os financiamentos menos acessíveis. Esse cenário é especialmente complicado para a classe média, que frequentemente depende de empréstimos para adquirir a casa própria. 

Segundo dados do Banco Central, a taxa média de juros para financiamentos imobiliários já ultrapassou 9% ao ano, um aumento significativo em relação aos patamares anteriores. 
Neste patamar, a Selic provoca dois efeitos: enfraquece as vendas de imóveis e aquece o mercado de locação. Para Júlio Viana, CEO da proptech Plaza, isso desequilibra a oferta e a demanda.

Pressão sobre aluguéis

O cenário é de pressão sobre os aluguéis. Com menos pessoas conseguindo financiar a compra de imóveis, a demanda por locação aumenta. O Índice FipeZap, que monitora os preços dos aluguéis em diversas cidades brasileiras, já aponta um aumento médio de 12,92% nos últimos 12 meses, superando amplamente a inflação oficial (IPCA). 

Classe média sofre mais

A classe média, que não se beneficia de programas sociais e encontra dificuldades em acessar crédito, sente o peso da elevação nos aluguéis. A pesquisa "Percepção do Mercado Imobiliário", realizada pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP), revelou que 70% das famílias da classe média estão preocupadas com o aumento dos custos de moradia, o que pode levar a um cenário de instabilidade financeira.

Imóveis mais rentáveis

O aumento da Selic pode ser visto como uma oportunidade. Com a elevação dos preços dos aluguéis, a rentabilidade dos imóveis para locação tende a aumentar. Especialista explicam que apesar da desaceleração nas vendas, a valorização patrimonial pode beneficiar aqueles que investem em imóveis para aluguel, especialmente em regiões com alta demanda.

Leilões mais atrativos

Segundo Gustavo Amaral, CEO da Zipin, o cenário atual também pode gerar boas oportunidades no segmento de leilões. "O aumento da inadimplência eleva a oferta de imóveis leiloados, enquanto a migração de investidores para a renda fixa reduz a concorrência, tornando os arremates mais atrativos para quem continua no setor", afirma o executivo.

Políticas públicas

Para Júlio Viana, diante desse cenário, as políticas públicas precisam se adaptar. Ele enfatiza a importância de criar incentivos à construção de moradias destinadas à locação. "O aluguel se tornará a única alternativa viável para muitas famílias. Portanto, é essencial que o governo implemente medidas que facilitem o acesso a moradias de qualidade e a preços justos", afirma.

Co-living

Além disso, a situação exige uma reflexão sobre a necessidade de diversificação do mercado imobiliário. Com o aumento da demanda por aluguéis, novas formas de habitação, como os co-living e os imóveis compartilhados, podem surgir como soluções inovadoras para atender uma população em busca de opções mais acessíveis.

Construção civil

O Troféu Ademi-PE, a maior premiação da construção civil em Pernambuco, acontece na próxima quinta-feira (dia 27), às 19h, no Armazém 14, Recife Antigo. O evento busca fortalecer o setor imobiliário, premiando os melhores empreendimentos de 2024 em 16 categorias e destacando a inovação e a qualidade na construção civil sustentável
 

Leia mais no Movimento Econômico:

Projeto vai recuperar lagoa em Maceió e abrir área de hotel para a população

Caruaru vertical: prédios de luxo mudam perfil domiciliar no Agreste

Veja também

Newsletter