Rubens Ometto avança com o etanol 2G na transição energética
Empresário esteve em evento no Recife e falou sobre negócios e política
O empresário Rubens Ometto, o 4ª na lista dos mais ricos do Brasil no ranking da revista Forbes de 2023, esteve no Recife para falar para outros grandes empresários pernambucanos a convite do Experience Club. Acionista controlador e presidente do Conselho de Administração da Cosan, ele é ponto fora da curva em termos de inovação e êxito empresarial. Ometto foi o único no Brasil, até agora, que conseguiu dominar a tecnologia para produção do etanol de segunda geração (2G).
Recentemente, uma das empresas do conglomerado que ele lidera, a Raízen - maior produtora de etanol de cana-de-açúcar do mundo colocou em operação em Guariba (SP) a maior usina de etanol 2G já vista. A planta recebeu investimento de R$ 1,2 bilhão e tem capacidade de produzir 82 milhões de litros por ano. O produto é extremamente inovador e atende aos requisitos do selo verde.
Em entrevista exclusiva à esta coluna, o "rei do etanol" no Brasil disse que para fechar a equação para a produção do etanol 2G, vem promovendo uma transição energética nas suas usinas, substituindo o bagaço de cana que alimenta as caldeiras por energia elétrica.
Neste processo, o empresário descartou investimentos em geração renovável e afirmou que tem comprado energia direto no mercado livre. Essa mudança está liberando o bagaço para ser usado na produção do etanol 2G, gerando um incremento de 35% na produção do produto por hectare e isso sem a necessidade de plantar nada mais.
A nova geração do etanol traz como bônus um maior sequestro de carbono e benefícios que se estendem ao faturamento, já que o seu preço é o dobro do de primeira geração. Esse produto é valorizado por ser destinado a nichos de mercado, atendendo às indústrias que querem promover sua descarbonização.
A Raízen já conta com duas plantas ativas e mais 15 estão planejadas, podendo chegar a 20, segundo Ometto. Todas no Sudeste. A capacidade total de produção de etanol 2G da Raízen já alcança a 114 milhões de litros.
Criminalidade
No evento no Recife, liderado por André Farias, CEO no Experiência Club NE, Rubens Ometto transitou por temas como negócios, liderança e política, mas chamou atenção da plateia quando tocou num assunto pouco discutido em encontros empresariais: a criminalidade. Ele alertou para os prejuízos decorrentes desse fenômeno crescente no Brasil.
Roubo de carga
Os negócios do empresário sofrem, como o de qualquer outro, com os roubos de carga, adulteração e sonegação fiscal. Ometto disse que os assaltos no modal ferroviário, na Baixada Santista, não só geram prejuízos pela perda da mercadoria, mas também pela diminuição da performance, "já que não dá para embarcar tudo que é programado".
Nafta
No setor de combustível, a sonegação de impostos federias e estaduais, a adulteração de combustível com adição do metanol ao etanol, e a importação irregular da nafta - que entra no Brasil como se fosse para a indústria química, isenta de impostos, e acaba sendo transformada em gasolina - são os problemas mais recorrentes. Ele saiu em defesa de uma maior mobilização empresarial para combater esses e outros problemas que afetam o setor produtivo. Rubens Ometto acha que há empresários muito acomodados em seus mundos.
Neoenergia e Compesa
Os danos da criminalidade sobre os negócios foi tema de reportagem recente no Movimento Econômico. Prejuízos milionários assolam a Neoenergia e a Compesa com furtos diversos. O gasto da Compesa foi de R$ 5 milhões, em 2023, só para repor fios, bombas e outras peças furtadas de unidades de abastecimento.
Índice Neurotech
O Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC) aponta que a demanda por crédito registrou queda de 13% em todo o ano passado, na comparação com 2022. Segundo o INDC - que mede mensalmente o número de solicitações de financiamentos nos segmentos de varejo, bancos e serviços - o único mês com desempenho positivo para a busca por crédito foi setembro, com alta de 6%.
Fôlego
Os investimentos em mídia, realizados ao longo de 2023, registram um crescimento de 10,4%, segundo levantamento feito pelo Cenp-Meios. No total, o aporte foi de R$ 23,4 bilhões, em comparação aos R$ 21,2 bilhões do mesmo período no ano anterior. A leitura anual foi realizada com 336 agências, frente a 326 participantes em 2022.
Pá de cal
A New Fortress Energy (NFE) recebeu o aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a transferência de localização do projeto de térmica originalmente concebido para Pecém (CE) para as adjacências do terminal de gás natural liquefeito (GNL) da NFE em Barcarena (PA). Isso joga pá de cal na unidade de regaseificação de Pecém, que já vinha capenga.
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