Sem marco regulatório, projetos de hidrogênio verde estão ameaçados
O potencial do mercado brasileiro com a descarbonização é de US$ 125 bilhões de dólares, incluindo algo em torno de US$ 20 bilhões só com o H2V.
Negócios envolvendo o hidrogênio verde avançam no Brasil. Na última segunda-feira, o Governo do Piauí anunciou o projeto de hidrogênio verde (H2V) da empresa croata Green Energy Park, com investimentos de R$ 50 bilhões. Na quarta-feira, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, falava para investidores no evento Hydrogen Dialogue Latin America, em São Paulo, que logo assinará parceria com a MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) para fazer o planejamento estratégico da cadeia do H2V no seu estado, que já conta com 32 protocolos de intenção. Em Pernambuco, o presidente de Suape, Marcio Guiot, comunicou, em entrevista ao Movimento Econômico, que o Tec Hub de H2V começa a operar até março de 2024, ativando a cadeia de produção dessa nova economia. O panorama do H2V, claro, vai muito além esses fatos.
Acontece que os investimentos andam a galopes e as regulações no Brasil seguem a passos lentos. A ausência de um marco regulatório pode colocar em compasso de espera muitas inciativas e bloquear o fluxo de investimentos para o País.
Esse alerta foi ouviu no 9º Seminário de Energia Elétrica, Recursos Hídricos e Infraestrutura, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco, na tarde da última terça-feira. Lá, o empresário Luiz Piauhylino Filho, fundador da empresa H2 Verde, pernambucano que vivem Portugal, alertou que o Brasil pode perder o ótimo momento do H2V.
À frente de vários projetos envolvendo essa nova energia, Piauhylino alerta que “o hidrogênio verde não é o futuro. Ele é o presente. Os investimentos já estão em curso”, lembrou.
Potencial do hidrogênio verde
Seus levantamentos revelam que o mundo vai precisar de 660 milhões de toneladas de H2V até 2050 e para isso serão necessários 3.350 GW de energia renovável. O potencial do mercado brasileiro com a descarbonização é de US$ 125 bilhões de dólares, incluindo algo em torno de US$ 20 bilhões só com o H2V.
O H2V vai precisar de muita água e energia limpa e é necessário acelerar os investimentos em infraestrutura capazes de extrair o máximo de seu potencial. Mas para que esses investimentos ocorram, o mercado precisa estar regulado.
Na tribuna do Senado
Um dia antes de Piauhylino fazer esse alerta no Recife, o senador Fernando Dueire subiu à tribuna para chamar a classe política à responsabilidade: “É imprescindível definir, de maneira rápida e eficiente, um marco regulatório dentro do qual a economia de hidrogênio possa prosperar”. Na quarta-feira, ele apresentava uma minuta do projeto de lei para regulamentar a produção do H2V no País. Agora, a matéria aguarda parecer do relator, senador Otto Alencar (PSD-BA), e está com prazo aberto para recebimento de sugestões ou emendas.
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