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Energia

Sete dos 10 projetos próprios de energia eólica offshore da Petrobras estão previstos para o NE

Confira em quais estados eles podem ser implantados

energia eolica offshore (1)energia eolica offshore (1) - Foto: Ocean Winds (Divulgação)

Sete dos 10 projetos próprios de energia eólica offshore que a Petrobras visa licenciar junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) estão localizados no Nordeste. O pedido à autoridade ambiental inclui três áreas no Rio Grande do Norte, três no Ceará e uma no Maranhão. A implantação dessas unidades, se concretizada, vai garantir mais força à região em seu empenho para se posicionar como nova fronteira energética do Brasil.

Entre os locais visados pela companhia, no Nordeste, estão a costa do Maranhão, em uma área de 817 quilômetros quadrados, e a do Rio Grande do Norte, envolvendo a chamada Margem Equatorial, onde a Petrobras prevê parques eólicos com capacidade instalada somada de 7,4 gigawatts (GW).

Os outros três projetos que a empresa busca licenciar estão localizados no Sudeste (Rio de Janeiro e Espírito Santo) e Sul (Rio Grande do Sul).

O potencial total de geração dessas áreas, nas três regiões, é estimado em 23 GW, tornando a Petrobras a empresa com o maior potencial de geração de energia eólica offshore no país em capacidade protocolada junto ao Ibama.

Energia eólica offshore desperta ambição da Petrobras em se tornar grande player do setor

O início do processo de licenciamento desses projetos, neste mês, demonstra o empenho da Petrobras em se tornar um player global do segmento de geração eólica no mar.

A estratégia é clara: ocupar espaço relevante nesse setor ainda emergente, aproveitando sua expertise de décadas na produção de petróleo e gás natural em águas profundas, setor cuja tecnologia é dominada em nível global pela petroleira brasileira.

A companhia conduz atualmente a maior campanha de mapeamento eólico offshore no país, por meio de medições iniciadas há 10 anos. Esses estudos são fundamentais para a avaliação da viabilidade técnica de futuras instalações de plantas eólicas e vêm sendo realizados em plataformas em vários estados, dois deles no Nordeste: Rio Grande do Norte e Ceará.

O motivo do interesse da Petrobras pela região, além dos resultados do seu próprio mapeamento, é o potencial eólico e as condições de competitividade verificadas em pesquisas de outras instituições, como o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene/Banco do Nordeste).

Análises da instituição, concluídas em 2021, estimam o potencial eólico offshore do Brasil “em 1,3 terawatts (TW), sendo a região oceânica costeira do Nordeste a área mais favorável” e o potencial onshore da região em 309 GW. A Eletrobras, por meio da Companhia Hidro Elétrica do Vale do São Francisco (Chesf), realizou pesquisas semelhantes nas décadas de 1990 e 2000 e que chegaram a conclusões convergentes com as do Etene.

Petrobras vai intensificar medições de potencial eólico no mar

A Petrobras tem intensificado as medições de potencial eólico no mar, utilizando dispositivos instalados em suas plataformas fixas e a tecnologia Bravo (Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore), que vem sendo desenvolvida em parceria com o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).

Além da medição do recurso eólico offshore, a Petrobras vem reunindo as principais informações ambientais oriundas dos estudos já realizados nos ecossistemas marinhos brasileiros em suas atividades de produção de petróleo. A utilização dessas sinergias visa identificar e definir quais as melhores áreas para o aproveitamento do potencial de geração.

Energia eólica offshore depende de marco regulatório

No caso desses projetos eólicos no mar, a Petrobras vem adotando uma postura mais cautelosa, para evitar a repetição de problemas recentes junto à ministra Marina Silva (Meio Ambiente) e ao Ibama, ocorridos na tentativa de licenciamento para a polêmica exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas.

A empresa vem ressaltando, por meio de comunicados à imprensa, que esse tipo de solicitação junto à autoridade ambiental não significa uma decisão de investimento, nem garante o direito sobre as áreas e que isso só deve acontecer após cumpridas as exigências que serão definidas no marco regulatório do setor, em discussão no Congresso Nacional.

Essa mensagem também é uma forma velada de cobrar celeridade na discussão da legislação que vai reger o segmento.

A ausência de regulação tem sido vista por potenciais investidores como algo que pode atrasar a entrada do país nesse segmento, levando países concorrentes a se posicionarem primeiro nesse mercado, o que prejudicaria os planos do Brasil de se firmar como potência energética global num cenário de descarbonização.

O desafio se repete na produção de hidrogênio verde (H2V). Os protocolos de intenção de empresas que querem investir em projetos, especialmente no Nordeste – em estados como Ceará, Pernambuco e Bahia – se multiplicam, mas não há avanços na definição da regulamentação.

Desenvolvimento de geração eólica no mar vai depender de viabilidade

Outro problema do qual a Petrobras busca se blindar são as críticas em relação a decisões tomadas de acordo com os ventos da política. Segundo a empresa, após a obtenção de outorga sobre as áreas solicitadas, os projetos de geração eólica no mar serão submetidos às instâncias competentes da companhia, a fim de que sejam observados todos os requisitos necessários de demonstração de viabilidade técnico-econômica.

“Especificamente para projetos de geração renovável, como as eólicas offshore, a obtenção de contratos de energia, no mercado livre ou via leilões de energia, será um dos fatores necessários para definir a viabilidade dos projetos”, sustenta a petroleira.

Nordeste também é estratégico na parceria da Petrobras com a Equinor

Além do destaque nos projetos próprios da Petrobras para geração eólica offshore, o Nordeste também é visto de forma estratégica na parceria da companhia com a petroleira norueguesa Equinor, firmada em 2018 e ampliada em março deste ano.

O contrato, com vigência até 2028, prevê a avaliação da viabilidade de parques eólicos no mar em Mangará (PI), Ibitucatu (CE) e Colibri, na fronteira entre Rio Grande do Norte e o Ceará. Integram o acordo duas áreas na região Sul: Atobá e Ibituassu (ambas, no Rio Grande do Sul). O potencial total desses projetos é estimado em 14,5 GW.

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