Mulheres assumem cargos de liderança e garantem espaço no empreendedorismo e ciências em Pernambuco
Apesar de, constitucionalmente, elas terem garantido a igualdade com os homens no mercado de trabalho, as mulheres ainda enfrentam desafios
No dia 08 de março comemora-se o Dia das Mulheres, criado em 1977 pela ONU (Organização das Nações Unidas). Apesar da luta (antes e depois da criação do seu próprio dia), elas só conquistaram o direito de ter salários e cargos iguais aos homens no ano de 1988. Mesmo 35 anos depois da lei, são poucas as mulheres que ocupam cargos importantes (como chefia e gerência) dentro das empresas, e ainda são a menor porcentagem no número total de donos de negócios brasileiros.
Na prática, dados do IBGE apontam que somente 37,4% das mulheres no Brasil conquistaram cargos de chefia. Em Pernambuco, o número é um pouco maior, chegando a 45,1%. Dentro das estatísticas temos Laís Xavier, primeira mulher a se tornar presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação em Pernambuco (Assespro). A pernambucana, que é formada em Ciência da Computação, também é diretora de tecnologia (CTO) da startup “Muda meu Mundo”.
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“Desde que eu abri a minha primeira empresa eu entendia que estar em comunidade é algo que fortalece o empreendimento e fundamentalmente o empreendedor, por isso desde o começo, em 2008, eu entrei na associação. Eu sempre fui muito ativa na comunidade da Assespro, sempre participando das reuniões e me colocando à disposição da diretoria para ajudar no que eles entendessem que era possível dentro da associação. Acredito que essa caraterística de proatividade e pensamento de comunidade foi algo relevante para indicação de meu nome para a presidência”, disse Laís.
Em sua época de formação em Ciência da Computação, era uma das sete mulheres que frequentavam a turma de 50 alunos, e devido a isso, aconselha às mulheres que querem trabalhar com Tecnologia da Informação (TI) a começarem, para que novas mulheres integrem a área. “Somos boas em tudo aquilo a que nos dedicamos, se destacar é uma consequência. Ninguém começa sabendo nada”, incentiva a empreendedora e presidente da Assespro.
Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2020, 3 a cada 10 ocupações em ciência, tecnologia, engenharia e matemática no Brasil pertencem a mulheres. Esse é o caso de Laís, e também o de Leonie Sarubbo, cientista do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI).
Em 2022, Leonie ficou no ranking entre os 5% dos cientistas mais influentes do mundo, de acordo com a terceira edição da lista dos melhores cientistas do mundo dos últimos cinco anos, divulgada pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. “O IATI surgiu como um meio de alavancar minhas pesquisas. Desde a infância sempre gostei muito de estudar, de descobrir coisas novas, e isso foi me guiando para a pesquisa. Essa afinidade, o amor, leva você a crescer. O destaque vem como consequência. Eu não esperava estar entre um percentual tão importante dos pesquisadores, foi uma surpresa”, explicou a cientista.
Leonie já realizou marcos importantes além do que esperava. Em 2019, surgiram manchas de óleo, que poluíram diversas praias do Nordeste (incluindo Pernambuco). O desastre ambiental, um dos maiores já registrados no país, precisou de uma grande força tarefa para não destruir a fauna e flora marinha da região. A cientista, na época, desenvolveu um detergente denominado "biogel", responsável pela retirada do óleo.
52 milhões de pessoas empreendem no Brasil, sendo que 30 milhões são mulheres donas de seu próprio negócio, seja por quererem realizar seus sonhos ou por precisarem se recuperar de alguma situação. Para Fabiana Nunes, foi um pouco dos dois.
A advogada abriu seu próprio escritório, o Nunes Costa, ainda na pandemia. O escritório surgiu de uma junção entre seu próprio escritório, o F.Nunes Advocacia, e o escritório de seu marido, Cavalcanti Costa Advogados. Alguns meses antes, seu marido foi vítima de um agravamento de um quadro de Covid-19, e acabou falecendo. Com o apoio de seus sócios, Fabiana decidiu homenageá-lo.
“Esse foi um dos meus motivos para seguir. Eu sempre fui apaixonada pela advocacia, e o escritório para mim não é só um projeto profissional, é como se fosse um filho, e eu luto para manter vivo, para crescer”, explicou Fabiana. Seu escritório, em 2023, ganhará uma filial em São Paulo, e advoga para grandes nomes e empresas, como a produtora de vídeos de comédia Porta dos Fundos.
Já para Marina Pacífico, a advocacia tornou-se apenas sua área de formação. Além de gestora da Pacífico Investimento, empresa criada há mais de 30 anos pelos seus pais, a advogada decidiu empreender e criou a Tolive, incorporadora e construtora. "É bem difícil desistir da profissão que você acha que se preparou para ela. Mas, por outro lado, sou responsável pelo jurídico da empresa, assim não a abandonei como todo, e acho que a minha formação ajuda muito no dia a dia das minhas atividades”. Para ela, como mulher, é importante encarar novas oportunidades, independente dos desafios.