Mulheres se destacam em cargos antes ocupados por homens
Apesar do cenário desafiador, presença feminina no mercado de trabalho vem quebrando preconceitos
Será que o mercado de trabalho está realmente aberto a todos? Historicamente, sempre foi difícil para as mulheres alcançarem cargos majoritariamente ocupados por homens. Pelos dados divulgados em 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 37,4% dos cargos gerenciais no Brasil são ocupados por mulheres. Apesar de ser bastante desafiador quebrar essa estatística, mulheres têm atuado cada vez mais para buscarem essas posições e vencerem esse preconceito na sociedade.
Priscila Maximiano, de 41 anos, é uma dessas mulheres que já enfrentou situações delicadas no mercado de trabalho. Depois de muitos desafios, hoje ela trabalha em uma empresa que sente valorizar a participação e a importância feminina no mercado de trabalho. Ela está no cargo de gerente do canal de Distribuição da TIM Nordeste, onde recebe voz, espaço e apoio.
“Me lembro que precisava trabalhar o triplo - e ganhar metade dos meus pares homens -, para reafirmar meu valor e competência, ainda que minhas entregas fossem acima da média. Já atuei em segmentos em que a participação masculina é ainda maior que na área de telecomunicações, mas isso nunca me intimidou, pelo contrário. Além de gostar do desafio em si, enxergo cada vez mais mulheres liderando o segmento”, contou Priscila.
O cargo em que Priscila atua hoje na TIM sempre foi historicamente ocupado por homens, mas a empresa anunciou a meta de aumentar o número de mulheres nos cargos de liderança. “Me sinto honrada em ser parte dessa transformação, e abrir cada vez mais espaço para que outras mulheres se sintam confortáveis e aptas a atuar em qualquer lugar. Aqui na TIM, ainda há o diferencial do cuidado e apoio com pautas inclusivas, que vão muito além do discurso, são vividas na prática”, acrescentou Priscila.
Presença feminina cresce aos poucos
Apesar do número de mulheres ainda ser muito inferior em vários cargos, a presença feminina vem crescendo e mudando, aos poucos, a realidade. “Se não houvesse esse preconceito de que alguns cargos só devem ser ocupados por homens, haveria mais mão-de-obra no mercado de trabalho, pois as mulheres poderiam atuar igualitariamente. A sociedade exclui mulheres de algumas funções, quando, na verdade, elas são tão capazes quanto os homens ou, até mais. É preciso mudar esse olhar de capacidade através do gênero e avaliar a pessoa independente do gênero, porque se abre um leque maior na busca de qualquer profissional”, analisou Andréa Biazatti, psicóloga especialista em relações humanas e do trabalho e professora do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE).
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Há dois anos, Elaine Maria França, de 45 anos, ocupa o cargo de supervisora do Centro de Operações da Neoenergia Pernambuco. Ela lidera uma equipe predominantemente masculina, na qual cerca de 80% são homens. Por muitos anos, ela escutou que o comando de uma mulher era “estranho”, mas Elaine não desistiu e hoje exerce uma posição muito importante dentro da sua área.
“É a primeira mulher liderando esse centro dentro da Neoenergia Pernambuco. Consigo alcançar meu espaço decisório pela minha capacidade, pelo compromisso e pelo que construí dentro da minha vida profissional. Direciono as equipes com respeito mútuo”, contou Elaine.
Empresas são fundamentais para a mudança
Contadora e sócia da Trust Contabilidade, Fernanda Feitosa, de 43 anos, e quando começou a atuar na área, há 21 anos, observava que apenas cerca de 30% dos espaços da área eram ocupados por mulheres, seja no mercado de trabalho ou no setor acadêmico. “Já assumi cargos de grande responsabilidade dentro de outras empresas e depois abri sozinha meu escritório de contabilidade. Empresas abrirem as portas para a maior participação das mulheres é um movimento importante na sociedade”, contou Fernanda.
Para a mudança no mercado de trabalho, a especialista Andréa analisa que as empresas são fundamentais no processo. “O que contribui para mudar são as empresas trabalharem esse tipo de incentivo. Ter uma cota de liderança para mulheres, por exemplo, estimula as contratações femininas. Assim, elas mostram que o perfil pode ser ocupado por mulher e que os salários podem ser iguais na equidade das atividades”, analisou Andréa.