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MERCADO ECONÔMICO

Mundo vive turbulência econômica que vai piorar, diz ministro

Paulo Guedes participou do Fórum de Investimentos Brasil 2022

Ministro da Economia, Paulo Guedes Ministro da Economia, Paulo Guedes  - Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira (14) que o mundo vive um momento turbulento na economia, que ainda se agravará bastante. A afirmação foi em palestra no Fórum de Investimentos Brasil 2022, na capital paulista. O fórum reúne ministros, representantes de bancos de desenvolvimento e executivos de empresas globais para debater o ambiente de negócios brasileiro. O presidente Jair Bolsonaro também participou da abertura do evento. 

Guedes citou os motivos para a situação econômica do mundo demorar a melhorar. O primeiro é que 3,7 bilhões de pessoas estão saindo da miséria na China, Rússia, Leste Europeu, Sudeste Asiático, Indonésia, através da globalização. Com isso, ocorre uma pressão no Ocidente, com os salários de quem trabalha na indústria, sem subir há 30 anos.

“Há 30 anos que a pressão competitiva da Ásia impede o crescimento dos salários e ganhos no Ocidente. Transfere-se as plantas para Ásia. Os salários começam a subir na Ásia e ficam sob pressão no Ocidente", disse.

Ele acrescentou que enquanto o Ocidente “desfruta de sua riqueza, dando férias de seis meses, aposentadoria generosa antes da hora, o outro lado do mundo trabalha 24 horas por dia, compete, não tem encargos trabalhistas, os salários sobem lá e caem aqui”. “Depois de 30 anos, essa arbitragem de trabalho barato acaba. Quando isso ocorre, os salários começam a subir no mundo inteiro e a inflação já subiria naturalmente nos EUA, Europa, porque, há algum, tempo essas pressões de custo existem”.

Pandemia

De acordo com Guedes, o segundo motivo para o momento turbulento persistir é a pandemia de covid-19 que deu um choque adverso de oferta, com a economia sofrendo uma ruptura nas cadeias de produção, o que gera mais inflação e menos crescimento, ao mesmo tempo. "Quando o Brasil e o mundo começam a tentar sair dessa circunstância adversa, vem a guerra na Ucrânia, com seus grãos, e a Rússia, com a energia. Então, o preço de comida e energia sobe no mundo inteiro”, disse.

Sendo assim, segundo o ministro, o mundo começa a pensar na reconfiguração das cadeias produtivas, o que se reflete como uma oportunidade para o Brasil. De acordo com ele, a parte ruim da crise é que "a inflação no exterior vai subir muito, haverá recessão e o sistema político continuará sob pressão, bem diferente do que ocorreu nos últimos dez anos, com prosperidade e investimento".

“Ao mesmo tempo é uma oportunidade. Os investimentos precisam estar perto, mas não só isso, é preciso que os países sejam amigos. No caso do Brasil, quem está perto e é amigo tanto da Europa, América, China, Rússia, somos nós. Estamos aqui e queremos recuperar o caminho da prosperidade. Fizemos acordo com todos, estamos estando em todos os blocos”, acrescentou.

O presidente Jair Bolsonaro, também presente na abertura do evento, destacou que a inflação está disseminada no mundo. “O que vivemos, no momento, como bem disse o [ministro] Paulo Guedes, é um problema de inflação no mundo todo, de combustíveis e alimentos”, disse.

Bolsonaro citou ainda que a política de isolamento social, durante a pandemia, não foi definida por ele. “Quem mandou o povo ficar em casa, determinou, não fui eu, eu tinha poderes para fechar o Brasil todo. Uma decisão lamentável do Supremo Tribunal Federal, tirou de mim a possibilidade de conduzir as questões da pandemia”, disse.

Privatizações e investimentos

Guedes também comentou sobre as as privatizações dos portos, a redução e simplificação dos impostos, transformação dos bancos públicos, reformas dos marcos regulatórios, chegada de investimentos privados. “O crescimento do Brasil está garantido para os próximos anos. Estamos em uma transição de uma economia que era dirigida por mercado, que quebrou e quebrou o estado”.

Guedes destacou ainda a venda de R$ 250 bilhões de subsidiárias estatais, além de o governo ter desalavancado os bancos públicos que enviaram outros R$ 240 bilhões para o governo federal, amortizando sua dívida com a União.

Sobre a Petrobras, Guedes disse ser necessário primeiro vender as distribuidoras, quebrar o monopólio do transporte e assim, deixá-la limitada ao seu foco que é a extração do petróleo.

“Aí nós podemos também privatizar e aumentar a competição porque o único resultado de uma estatal, que é um monopólio verticalizado, explorando uma commoditie é sub investimento. Estamos sub investindo em energia elétrica, em petróleo, há décadas. O Brasil cresce menos, a renda per capita é menor, os ganhos são de monopólio, não são nem socialmente justos”, afirmou.

Guedes ressaltou ainda que o Brasil é a maior fronteira de investimentos aberta no mundo hoje, com a reforma dos marcos regulatórios que permite ao país ampliar a retomada gradual do investimento privado, que garante o crescimento da economia brasileira. "O Brasil está ao contrário do mundo, começando a decolagem de novo. Já estávamos decolando quando a covid-19 pegou, caímos menos, voltamos mais rápido e fizemos reformas, durante a crise".

Segundo ele, há dois sinais claros que serão o desenho da reindustrialização brasileira para o futuro e ao mesmo tempo a reinserção na cadeia global: segurança energética e segurança alimentar. “O Brasil é um gigante verde com a matriz energética mais limpa e diversificada do mundo e depois de muita luta política, a verdade brasileira está surgindo lá fora. A Europa olha para o Brasil como segurança energética e a Ásia, como segurança alimentar”.

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