Musk diz que Twitter fez jogo de "esconde-esconde" e acusa empresa de trapaça
A companhia rebate as acusações e afirma que argumento do bilionário não permite desfazer o acordo de compra da plataforma de mídia social
Elon Musk afirmou que o Twitter deturpou o tamanho de sua base de usuários para distorcer o valor da companhia e que passou “meses num jogo de esconde-esconde” enquanto ele buscava mais informações para completar a compra de US$ 44 bilhões da empresa de microblogs.
As justificativas do bilionário para desistir do acordo foram reveladas em contestação sob sigilo apresentada por Musk em uma corte do estado americano de Delaware na última semana. O Twitter teria induzido investidores e a Câmara de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, diz o CEO da Tesla, e a companhia estava “fechando freneticamente as portas de informações numa tentativa desesperada de impedir que parceiros de Musk descobrissem sua fraude”, segundo documento ao qual a Bloomberg teve acesso.
O Twitter respondeu afirmando que a ideia de que Musk, que contava com o suporte de uma equipe de advogados e consultores financeiros, dizer que foi “trapaceado” para que assinasse o acordo de compra da companhia é “tão sem fundamento e contrário aos fatos quanto parece”. Em uma resposta de 127 páginas, a empresa disse que o bilionário inventou essa história para “escapar do acordo de fusão que Musk deixou de avaliar como atrativo uma vez que o mercado de ações — e com ele, sua robusta fortuna pessoal — perdeu valor.
As trocas de acusações são o capítulo mais recente da acirrada disputa judicial entre a plataforma de mídia social e a pessoa mais rica do mundo. Após o Twitter ter iniciado uma ação para forçar Musk a seguir com o acordo, um juiz de Delaware marcou para outubro um julgamento de cinco dias sobre a fusão.
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Em sua contestação, Musk é descrito como um “ávido usuário do Twitter, que acredita em liberdade de expressão e debate aberto, e que admira o papel do Twitter como a prefeitura do mundo”. Mas pontou que notícias e contas falsas eram um “fator chave” para o Twitter e que a companhia não estava fazendo o suficiente para identificá-las.
De acordo com estimativas preliminares citadas pela defesa de Musk, “no início de julho, um terço das contas visíveis no Twitter” — aquelas tuitando, retuitando ou dando likes na rede — “poderiam ser falsas ou de spam”.
Mais adiante, Musk diz que divulgações feitas pelo Twitter mostram que o verdadeiro número de usuários ativos diários monetizáveis tem 65 milhões a menos do que o total de 238 milhões apresentado pela companhia. Segundo Musk, o Twitter também deturpou número referente a quantos desses usuários veem publicidade, a principal fonte de receita da companhia. Pela estimativa do empresário, menos de 16 milhões de usuários de fato veem propagandas e deveriam ser contados como “monetizáveis”.
Musk alega quebra de contrato
De acordo com o documento, o Twitter não estava prestando informações. “Na medida em que um longo período de alta no mercado se aproximava do fim, e a maré estava virando, o Twitter sabia que ao fornecer à equipe de Musk os dados que estavam requisitando relevaria que o Twitter estava nadando nu”.
Musk pede à Justiça que declare o Twitter em situação de quebra de contrato.
O Twitter disse que suas divulgações sobre o número de usuários ativos diários monetizáveis estão corretas e que “a contestação de Musk tem como objetivo distorcê-las. A companhia disse ainda que o argumento do bilionário de que ele teria o direito de desistir do acordo em caso de dados equivocados sobre o número de contas falsas está “incorreto” e que os termos do acordo de fusão provam isso.
Musk também não pediu ao Twitter informações para verificar o número de contas falsas ou de spam antes de assinar o acordo, disse a companhia. Ao invés disso, ele “renunciou a toda a diligência prévia — dando ao Twitter vinte e quatro horas para aceitar sua oferta de pegar ou largar antes de apresentá-la diretamente aos acionistas do Twitter”.