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AÇÕES

Na rota da privatização, Sabesp atinge maior valor de mercado de sua história e vale R$ 58 bilhões

Ações da companhia de saneamento fecharam a R$ 84 ontem; gestoras estão ampliando posição na companhia

Bolsa de valoresBolsa de valores - Foto: Canva/Reprodução

Em meio às discussões para a venda da maior parte das ações do governo de São Paulo, a Sabesp atingiu seu maior valor de mercado: R$ 58,07 bilhões, no fechamento de ontem, quando as ações encerraram o pregão negociadas a R$ 84,96, segundo levantamento da consultoria Elos Ayta.

Analistas consultados pelo Globo atribuem a alta dos papéis da Sabesp a um consenso do mercado de que a privatização vai avançar, o que faz gestoras buscarem ações da companhia de saneamento.

— As principais gestoras começaram a montar posições em Sabesp já que há quase um consenso de mercado de que a companhia de saneamento vai mesmo ser privatizada — disse Daniel Teles Barbosa, analista da Valor Investimentos.

Em 2023, ano em que o governador Tarcísio de Freitas assumiu o governo de São Paulo, a Sabesp iniciou o ano valendo R$ 36,5 bilhões. Com a aprovação da privatização pela Assembleia paulista, no final do ano passado, a companhia começou 2024 com valor de mercado de R$ 51,5 bilhões, até atingir R$ 58 bilhões na última quarta-feira. O governador pretende que a venda das ações ocorra até junho.

Nesta quarta, os papéis da Sabesp estão sendo negociados a R$ 83,88, durante a tarde, baixa de 1,08%.

Atualmente, o governo é dono de 50,3% das ações. Outros 37,6% são negociados na B3, em São Paulo, e 12,1% são ofertados na NYSE, a bolsa de valores americana. O modelo de privatização proposto prevê que São Paulo reduza sua participação em até 30%, patamar limite estabelecido pela lei aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Mesmo se vender os 30%, o governo ainda manteria o poder de vetar decisões sobre a empresa.

Barbosa afirmou que o governo deve oferecer ações num montante que dilua sua participação na empresa, assim como aconteceu com a Eletrobras. A expectativa é que o governo de São Paulo anuncie nos próximos dias qual percentual de ações deverá oferecer ao mercado.

A privatização prevê um modelo que contemple um investidor de referência, preferencialmente uma “operadora" do setor, com muita expertise, e que compre pelo menos 15% das ações. Além disso, deve assumir compromisso de não vender a participação por um prazo mínimo de cinco anos, conforme previsão do contrato.

Para Luiz Gronau, sócio-diretor da A&M Infra, ainda não é possível estimar quanto a venda das ações da Sabesp vai movimentar, mas sua expectativa é que o montante chegue a "uma dezena de bilhão".

— É difícil estimar porque ainda está em processo de definição do formato e fechamento da modelagem. Mas pelo tamanho da companhia e da operação, espera-se um montante elevado, em dezena de bilhão — diz Gronau.

Ele observa que os investidores buscam ativos que tenham boas perspectivas de performance além de projeções consistentes de aumento de eficiência. Também levam em consideração governança e segurança jurídica e regulatória.

Aumento de tarifa
Analistas também atribuem o 'rali' das ações da Sabesp esta semana à autorização da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) para que a companhia faça um reajuste de 6,44% a partir do próximo dia 10 de maio. O governo de São Paulo garante que a tarifa cobrada dos consumidores vai cair após a privatização.

Analistas do banco Itaú BBA consideraram o reajuste positivo, já que o regulador foi capaz de reconhecer algumas das distorções do passado.

"Vemos espaço para ganhos substanciais de eficiência no futuro, embora reconheçamos que a magnitude e a velocidade das mudanças dependerão da governança futura da empresa", escreveram os analistas Marcelo Sá, Luiza Candiota, Fillipe Vitor e Victor Cunha.

Com a privatização, o governo paulista prevê ampliação dos investimentos para R$ 68 bilhões até 2029 e até R$ 260 bilhões até 2060, um aumento significativo em relação ao previsto atualmente: R$ 26,2 bilhões até 2027. A empresa é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos a 375 municípios paulistas.

A companhia é considerada uma das maiores empresas de saneamento do mundo em população atendida, com 28,4 milhões de pessoas abastecidas com água e 25,2 milhões com coleta de esgotos. Do total dos domicílios atendidos, 98% já possuem água tratada, e 83% têm seu esgoto coletado e tratado.

No dia 15 de março, terminou a consulta pública que o governo realizou para que fossem apresentadas sugestões pela sociedade para aperfeiçoar o projeto. Através do site, foram feitas 976 propostas e algumas foram incorporadas à minuta de privatização. O elevado número de opiniões na consulta mostra o grande o interesse no processo, que deve atrair grandes investidores, mas também operadoras do setor.

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