Natal mais fraco: CNC reduz projeção sobre aumento das vendas
Estimativa passou de 2,1% para 1,2%
O varejo deve experimentar um Natal mais fraco do que o projetado inicialmente este ano. É o que aponta a nova estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que prevê um crescimento de 1,2% do volume de vendas. Antes, esperava-se um alta de 2,1% em relação ao ano anterior.
Apesar da expectativa de um movimento menor, o varejo deve experimentar o primeiro aumento real (descontada a inflação) nas vendas após dois anos de perdas na principal data comemorativa. Segundo a CNC, o comércio deverá movimentar R$ 65,01 bilhões em vendas.
O patamar do faturamento, porém, tende a ficar aquém do observado antes da pandemia. Em 2019, o volume de vendas foi de R$ 67,55 bilhões.
Crédito mais caro e endividamento dificultam expansão
Segundo a CNC, contribuem para o aumento real do faturamento este ano a normalização do fluxo de consumidores - alcançada na virada do primeiro para o segundo semestre -, além da melhora do nível de emprego e a desaceleração da inflação, que tende a encerrar o ano abaixo de 6%, inferior aos dois dígitos observados no final de 2021).
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Por outro lado, pesam o crédito mais caro e o nível de comprometimento da renda do brasileiro com dívidas, que chegou ao maior patamar da série do Banco Central, iniciada em 2005. "Segundo o Banco Central, a taxa média de juros praticados nas operações de crédito livres destinadas às pessoas físicas se encontra no maior patamar desde o primeiro trimestre de 2018", lembrou a CNC, durante a divulgação.
Nesse contexto, o segmento de supermercados, que historicamente é o principal responsável pela geração de receitas do comércio varejista, tende a responder por 38,6% (R$ 25,12 bilhões) do volume total movimentado. Em seguida devem aparecer as lojas de vestuário, calçados e acessórios (33,9% do total ou R$ 22,03 bilhões) e as lojas de artigos de usos pessoal e doméstico (12,6% ou R$ 8,19 bilhões).
Menos vagas temporárias em 2022
Diante do cenário macroeconômico desafiador, a expectativa de menor volume de vendas também se traduz em menor número de vagas temporárias para a data comercial. A CNC espera agora que sejam criadas 98,8 mil vagas temporárias para o Natal de 2022, ante expectativa de geração de 109,6 mil vagas temporárias de fim de ano no varejo.
Ainda assim, o contingente é 1,8% maior do que as contratações para a mesma data do ano passado e 48% acima das vagas criadas no Natal de 2020, quando o varejo registrou queda no faturamento e na média histórica de fluxo de consumidores nessa época do ano.
O cenário de juros altos, porém, tende a dificultar o ímpeto das vendas no início de 2023 e a reduzir o dinamismo do mercado de trabalho no comércio varejista. De acordo com a CNC, a taxa de efetivação de temporários, anteriormente prevista em 11,3%, passou para 9,1% do total de temporários. O patamar é próximo ao de 2016, quando o país ainda enfrentava crise econômica.