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CHOCOLATE

Nestlé anuncia KitKat com embalagem de plástico reciclado

Iniciativa acontece um mês e meio depois de facilitação, pela Anvisa, de processo de registro desse tipo de embrulho

KitKatKitKat - Foto: Nestlé/divulgação

A Nestlé anunciou que vai comercializar, em edição limitada, seu chocolate KitKat em uma embalagem feita a partir de plástico reciclado.

A ação acontece depois da facilitação, feita pela Anvisa, do registro pelas marcas de embrulhos que entram em contato direto com o alimento produzidos a partir de material reciclado, que começou a valer em setembro.

A nova embalagem manterá o tradicional vermelho, clássico de identificação do produto, mas com grande destaque ao selo de retornável, que remete às barras do chocolate. O doce deve ser encontrado nas prateleiras a partir do fim do mês de outubro.

O gerente executivo de embalagens da Nestlé, Felipe Simone, diz que o trabalho para a implantação do embrulho especial começou há dois anos, e explica que todo processo de reciclagem garante a segurança do material para entrar novamente no mercado:

— Na reciclagem avançada há um processo químico de recuperação de embalagens de alimentos já utilizados e, depois desse consumo, ele vira um novo óleo, retornando ao processo petroquímico como um polímero novo. Por isso ele é seguro para o contato com alimentos — afirma.

A embalagem, ele garante, não altera o sabor do alimento. A ação também tem como objetivo mostrar para outras marcas de alimentos concorrentes que é possível ser sustentável e diminuir a pegada do uso de plástico virgem nas embalagens, apontando que há demanda para instalação de produção nacional.

Um link para um hotsite criado para a ação e impresso na embalagem levará quem come o doce a entender o impacto causado pela simples mudança do material do pacote.

Hoje, a Nestlé possui a meta de alcançar a totalidade de suas embalagens desenhadas para reciclagem ou reutilização até o fim do ano que vem. Hoje, o índice é de 98%. Os canudos de plástico deram adeus às caixinhas de Nescau e Nesquik ainda em 2019. A marca suíça pretende também, até 2025, utilizar PET reciclado em todas suas bebidas engarrafadas. Atualmente, elas já possuem metade da composição feita de material reutilizado.

Consumidor atento
Felipe afirma que a limitação da oferta do chocolate com a embalagem sustentável acontece diante da importação do polímero reciclado, utilizado para levar o chocolate às prateleiras. Isso acontece porque, diante da regulação ainda recente, ainda não há capacidade industrial instalada no país para produzir os embrulhos com o plástico reciclado.

Mas o cenário pode mudar, já que, segundo ele, há tratativas com fornecedores nacionais para a produção local.

Dona do selo de rações animais Purina, a marca também anunciou que vai adotar o plástico reciclado em 30% da composição das embalagens para as comidas de pets a partir deste ano.

A marca, que já possui produtos de consumo direto vendidos com este tipo de embalagem na Europa e no Japão, estuda também a implantação dessas embalagens em outras linhas.

O rótulo é anunciado num momento em que o consumidor está cada vez mais atento à pegada sustentável. Segundo um estudo da Kantar, o número de consumidores brasileiros que se preocupam de forma ativa sobre as práticas de sustentabilidade das marcas subiu de 7% em 2023 para 16% em 2024.

— As pessoas estão cada vez mais buscando produtos que impactam menos o meio ambiente. A demanda já deixou de ser latente. As pessoas estão mais aguçadas, tem mais interesse, e traz maior necessidade da indústria em produtos que tenham essa transparência — Kesley Gomes, diretora de estudos especiais para a América Latina da Kantar Worldpanel.

Há no mercado diversas barreiras para um aumento na percepção da “pegada verde” do produto, como o preço e uma maior educação. Mas, na visão de Kesley, a ampliação do engajamento do consumidor pode vir deste tipo de oferta pelas marcas.

Felipe enxerga que, com a adoção crescente do material reciclado para envasar alimentos, se crie um ecossistema de geração de valor para a reciclagem de embalagens que hoje são completamente descartadas.

— Essa ação acaba gerando renda extra para o trabalho de coleta dos catadores. Isso hoje, nas cooperativas, acaba sendo um problema, já que há um descarte (de embalagens) por não haver valor. Esse setor, passando a ter valor comercial, vai ser matéria-prima para uma nova indústria — ele afirma, fazendo um paralelo com a reciclagem de garrafas PET e de latas de alumínio, que já possui um nível de reaproveitamento muito maior.

Segundo a Associação Brasileira de indústria do PET (Abipet), 359 mil toneladas deste tipo de plástico foram recicladas em 2021, último ano com dados disponíveis. A maioria da aplicação do material que volta às prateleiras vira garrafa e tecido.

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