Nissan planeja cortar 9 mil empregos e reduz previsão de lucro anual
Medidas foram anunciadas após o lucro líquido despencar 94% no primeiro semestre
A Nissan anunciou que vai cortar 9.000 postos de trabalho e reduzir a sua capacidade de produção global em um quinto, entre outras medidas de corte de custos, ao mesmo tempo que revê para baixo as suas perspectivas de lucro anual, intensificando, assim, sua luta para lidar com condições mais difíceis na indústria automobilística e abordar fraquezas em seus negócios.
As medidas foram anunciadas após o lucro líquido despencar 94% no primeiro semestre. A Nissan também venderá parte de sua participação na Mitsubishi, depois de consumir 448,3 bilhões de ienes (US$ 2,9 bilhões) em caixa nos últimos seis meses.
Os cortes de empregos que ele anunciou representam cerca de 7% da força de trabalho da Nissan.
Os resultados desastrosos terão um custo elevado para Makoto Uchida, presidente e CEO da montadora japonesa, que abrirá mão de metade de sua remuneração a partir deste mês.
O CEO disse aos investidores que a Nissan foi afetada “não apenas por desafios externos, mas também por questões específicas nossas,” aludindo tanto à rápida ascensão das montadoras chinesas quanto às metas de vendas excessivamente ambiciosas da Nissan.
— Alcançar nossas metas de vendas será um desafio. Precisamos reconstruir nossa força para que possamos avançar em uma direção mais positiva — afirmou Ushida.
Leia também
• Volkswagen Tera: marca alemã revela o nome do novo SUV
• Polo ultrapassa Strada no ranking dos carros mais vendidos de outubro; confira o top 20
• Carros usados: saiba como fugir de golpes na hora da compra
A Nissan agora projeta que seu lucro operacional cairá para apenas 150 bilhões de ienes (US$ 975 milhões) no ano fiscal que termina em março, uma redução de 70% em relação à previsão anterior. A administração também revisou a perspectiva de receita, reduzindo-a em mais de 9%, o que significa que agora espera praticamente nenhum crescimento para o ano.
Dificuldades para estabilizar a empresa
Uchida está no comando desde 2019, quando a Nissan enfrentava uma crise existencial após a saída do ex-presidente Carlos Ghosn. Ele tem tido dificuldades para estabilizar a empresa enquanto enfrenta forte concorrência de empresas como Tesla e BYD, da China, o que tornou a Nissan uma das menos competitivas entre as grandes montadoras japonesas.
— A Nissan é a mais fraca — disse James Hong, analista da Macquarie Securities Korea. —A única maneira de a empresa aumentar as vendas é por meio de cortes de preços.
A Nissan venderá quase um terço de sua participação na parceira Mitsubishi Motors, reduzindo sua participação atual de pouco mais de 34%. A participação de cerca de 10% que a Nissan oferecerá na Bolsa de Valores de Tóquio estava avaliada em aproximadamente 68,6 bilhões ienes (US$ 451 milhões) no fechamento do mercado na quinta-feira.
A montadora está há cerca de oito meses em um plano de reestruturação de três anos, projetado para revitalizar o negócio, embora já estivesse recuando no início deste ano. Em julho, reduziu sua previsão de lucro operacional anual de 600 bilhões de ienes (US$ 3,9 bilhões) para 500 bilhões de ienes US$ 3,3 bilhões), devido a vendas fracas na China, Japão e América do Norte.
O lucro do trimestre encerrado em setembro foi de 32 bilhões de ienes (US$ 210 milhões), abaixo das estimativas de consenso de 65 bilhões de ienes (US$ 427 milhões) e muito distante dos 208 bilhões de ienes (US$ 1,3 bilhão) obtidos no ano anterior.
— A queda no lucro do segundo trimestre não foi uma surpresa, mas o valor foi ainda menor do que o esperado — afirmou Tatsuo Yoshida, analista da Bloomberg Intelligence. — O principal problema é a diferença entre o que a empresa queria alcançar e o que era realisticamente possível.
Expansão da linha de elétricos
Os planos que Uchida apresentou incluem expandir a linha de veículos elétricos da Nissan, formar novas parcerias e vender um milhão de carros adicionais por ano até 2027. No entanto, analistas disseram que a nova linha da empresa carece de empolgação e de modelos híbridos suficientes — um problema em um momento em que a demanda dos consumidores por veículos elétricos está diminuindo.
— A demanda por híbridos é o que permite à Toyota e à Honda desfrutarem de alta lucratividade. Essa estratégia também precisa ser revisada — disse Hong, da Macquarie.
Como muitas montadoras tradicionais internacionais, a Nissan está enfrentando dificuldades na China, o maior mercado de automóveis do mundo. Em junho, a empresa anunciou que encerraria a produção em uma fábrica em Changzhou devido à queda nas vendas.
No início deste ano, a Nissan reduziu sua meta de produção para o ano fiscal atual em 50 mil unidades, para 3,65 milhões de veículos. Com as vendas globais caindo quase 4%, para 1,6 milhão de unidades entre abril e setembro, atingir essa meta pode ser um desafio.
Em março, a empresa firmou um acordo com a Honda e a Mitsubishi para trabalharem juntas no desenvolvimento de software interno. Isso poderia colocar o trio em competição com a Toyota e sua aliança com a Subaru, Suzuki e Mazda. Uchida não deu mais detalhes sobre a aliança nesta quinta-feira.