No primeiro balanço do governo Lula, Petrobras lucra R$ 38,1 bi no 1º trimestre, queda de 14,4%
Resultado influenciado por queda no preço do petróleo e na venda de derivados ficou dentro do esperado no mercado. Estatal anunciou pagamento de dividendos de R$ 24,7 bilhões aos acionistas
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A redução na venda de derivados e a queda no preço do petróleo no mercado internacional afetaram os ganhos da Petrobras neste início de ano.
A estatal registrou lucro líquido de R$ 38,156 bilhões no primeiro trimestre de 2023, uma queda de 14,4% em relação aos R$ 44,56 bilhões obtidos no mesmo período do ano passado.
O resultado, no entanto, veio dentro do esperado pelos analistas de mercado. Na Bolsa de São Paulo, a B3, as ações da estatal fecharam com forte alta de 2,4% nos papéis ordinários (ON) e de 3,67% nos preferenciais (PN), ainda antes de a empresa divulgar o seu balanço financeiro, o primeiro sob a gestão escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lucro líquido: foi de R$ 38,156 bilhões, queda de 14,4% em relação ao ano passado
Receita de vendas: foi de R$ 139,068, recuo de 1,8% ante primeiro trimestre de 2022
Geração de caixa: o Ebitda ficou em R$ 72,497 bilhões, recuo de 6,7%
Dívida líquida: chegou a US$ 37,588 bilhões, queda de 6,2%
Investimento: somou US$ 2,482 bilhões, alta de 40,4%
Mais cedo, a estatal informou que o Conselho de Administração aprovou a distribuição de R$ 24,7 bilhões em dividendos. O valor será pago em duas parcelas de R$ 1,89 por ação ordinária e preferencial em agosto e setembro.
A receita de vendas no primeiro trimestre deste ano chegou a R$ 139,068 bilhões, uma queda de 1,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo a Petrobras, a redução nas vendas e no lucro foi causada, sobretudo, pela queda de quase 20% no preço médio do barril de petróleo tipo Brent, que é a referência internacional. A commodity caiu de US$ 101,40 para US$ 81,27 entre o início de 2022 e o primeiro trimestre de 2023.
Prates: 'pessoas no foco' e parceria com BNDES
Em sua primeira carta aos acionistas, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirma vem "trabalhando por uma Petrobras mais eficiente, saudável financeiramente e inclusiva, em que as pessoas estão no foco das decisões e no topo das prioridades".
Prates destacou ainda o pré-sal, que "continua a ser o centro das nossas receitas e da geração de caixa, respondendo hoje por 77%" da produção total. Prates lembrou ainda a criação da diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade e as parcerias feitas com Equinor e Shell.
Disse também que está avaliando a criação de grupos de trabalho com outras empresas para buscar oportunidades de negócios no Brasil e no exterior. "Constituímos uma comissão mista com o BNDES para desenvolvimento conjunto de projetos em prol da transição energética, indústria nacional, e fomento à pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica", disse Prates em carta.
Possível mudança em dividendos e recompra de ações
O pagamento de dividendos foi aprovado levando em conta a atual política de remuneração a acionistas, que prevê que, em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a Petrobras deverá distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e investimentos.
Porém, a própria Petrobras informou que o Conselho de Administração determinou que a diretoria executiva elabore um "aperfeiçoamento" da atual política de dividendos e ajustes do plano de negócios da estatal. Segundo a Petrobras, a proposta inclui "a possibilidade de recompra de ações".
Além disso, a estatal disse que as alternativas serão submetidas para deliberação no colegiado "antes do encerramento do mês de julho de 2023".
Aumento nos investimentos
Além da queda no preço do petróleo, a receita de vendas foi influenciada ainda pela redução no volume de vendas de derivados. A estatal destacou ainda os negócios envolvendo o GLP, o gás de cozinha, afetado não apenas por fatores sazonais, mas também pela maior concorrência.
Mesmo com a redução do petróleo, a Petrobras elevou os investimentos no trimestre em 40%, para US$ 2,4 bilhões. A estatal destacou ainda que a dívida bruta alcançou US$ 53,3 bilhões, uma queda de 0,8% em comparação ao fim de 2022, "atingindo o menor nível desde 2010".
Vendas de derivados
Na semana passada, a estatal informou que o volume de venda de derivados, que chegou a 1,697 milhão de barris por dia no primeiro trimestre deste ano, teve uma queda de 0,2% em relação ao início do ano passado e um recuo de 5,5% em relação ao quarto trimestre de 2022.
A Petrobras atribuiu o resultado ao processo de venda da Reman (refinaria em Manaus), que representava 2,4% da capacidade de refino, além de paradas programadas em diversas refinarias.
Entre os derivados, houve queda de 0,2% nas vendas do diesel em relação aos primeiros três meses de 2022. A estatal registrou recuo de 7% ante o fim do ano passado "devido à sazonalidade de consumo, usualmente mais fraca nos primeiros trimestres de cada ano devido à redução da atividade econômica".
Já no caso da gasolina, as vendas subiram 3,1% na comparação anual. Segundo a empresa, as vendas "foram as maiores registradas para um primeiro trimestre nos últimos seis anos".
A Petrobras afirmou ainda que o avanço "ocorreu, principalmente, em razão do ganho de participação da gasolina sobre o etanol no abastecimento dos veículos flex devido ao aumento de sua competitividade".
A produção total comercial da estatal ficou estável em 2,32 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d).