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Nova carta do Carrefour é "retorno à normalidade", diz secretário do Ministério da Agricultura

Pasta afirma que grupo francês reforçou parceria com o Brasil. Após recuo, fornecimento de aves e suínos ao grupo francês será retomado no Brasil

A expectativa do secretário Luis Rua é que, a partir desse gesto, a situação volte à normalidadeA expectativa do secretário Luis Rua é que, a partir desse gesto, a situação volte à normalidade - Foto: Reprodução/Internet

O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, disse que o pedido de retratação e desculpas do CEO da Rede Carrefour, Alexandre Bompard, é um "símbolo do retorno à normalidade". Ele destacou que a carta enviada ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, apresenta elementos relevantes que atestam a qualidade, a sanidade, o respeito às normas e o sabor das proteínas brasileiras.

— É, sem dúvida, um documento que traz a verdade à tona e reforça que o Brasil é um país que cumpre rigorosamente todas as exigências e regulamentos internacionais — disse Rua ao Globo.

A expectativa do secretário é que, a partir desse gesto, a situação volte à normalidade, com o abastecimento restabelecido "e devolvendo à carne brasileira a posição de destaque que ela merece". Rua ressaltou que, com o pedido de retratação de Bompard, o papel do Brasil como líder mundial no setor é valorizado.

— Não à toa, somos o maior exportador global de carne bovina, carne de aves e um dos principais exportadores de carne suína, além de registrarmos crescimento significativo em outras proteínas, como pescados. O Brasil conta com um sistema sanitário extremamente rígido e uma legislação ambiental exigente, o que sustenta nossa posição de destaque no comércio internacional — afirmou.

Para Rua, houve uma vitória do Brasil, que reflete o esforço conjunto do setor privado e do governo. Ele afirmou que, desde o primeiro momento, foi essencial sair em defesa da reputação e da imagem das nossas proteínas, reforçando o compromisso do Brasil com a excelência e a sustentabilidade.

— O setor privado, por meio das associações setoriais e empresários, não se calou diante de inverdades, e o Ministério da Agricultura, junto a outros órgãos, como o Ministério das Relações Exteriores, trabalhou ativamente para defender a verdade. Essa mobilização mostra que nossa pecuária é sustentável, atende às principais exigências sanitárias e, por isso, exporta para mais de 160 países.

Na noite de segunda-feira, o Ministério da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que o embaixador da França, Emmanuel Lenain, ofereceu-se para mediar a negociação que resultou no pedido de desculpas de Bompard. Fávaro reiterou que o Carrefour tem o direito de comprar de quem quiser, para abastecer as suas gôndolas, inclusive se for somente dos produtores franceses. Porém, questionou o tom usado pelo dirigente da rede francesa.

— O teor usado não compactua com a verdade os fatos. A carne brasileira (assim como) a carne sul-americana, tem todos os rigores das legislações.

Em carta ao presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas da França, Arnaud Rousseau, Bompard disse que não compraria carnes do Mercosul. Na última quarta-feira, ele publicou uma cópia do documento em uma rede social.

"Em toda a França, ouvimos a consternação e a indignação dos agricultores face ao projeto de acordo de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul; e consideramos o risco de repercussões negativas no mercado francês de comercializar um produto que não cumpra os requisitos e normas europeus", escreveu Bompard.

O Ministério da Agricultura (Mapa) informou na manhã desta terça-feira, em nota, ter recebido o pedido de desculpa do diretor-presidente do grupo francês Carrefour, Alexandre Bompard. O documento foi encaminhado formalmente à pasta.

De acordo com o ministério, a carta afirma que "a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito às normas e sabor". O documento enviado pelo Carrefour complementa que, "se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpa".

A nota do ministério afirma ainda que o Brasil tem "um sistema de rigoroso de defesa agropecuária", que posiciona o país "como o principal exportador de carne de aves e bovina do mundo". O texto complementa que a pasta "reitera os elevados padrões de qualidade, sanidade e sustentabilidade da produção agropecuária brasileira".

Na última quarta-feira, Bompard publicou, em uma rede social, uma carta que havia enviado a uma entidade do agro francês, dizendo que não compraria carnes do Brasil. Empresas brasileiras, especialmente frigoríficos, reagiram e deixaram de fornecer seus produtos para o Carrefour.

Mais cedo, o Carrefour divulgou comunicado de sua matriz francesa esclarecendo não se opor à agricultura brasileira.

Logo depois, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, disse em entrevista à GloboNews que o fornecimento de aves e suínos à rede francesa será retomado. O mesmo deve ocorrer com a carne bovina.

A Associação Brasileira dos Exportadores de Carne (Abiec) recebeu "com satisfação o pedido de desculpas e o reconhecimento da excelência do produto e do produtor brasileiro por parte". E espera que "com isso, as operações da rede francesa sejam reestabelecidas".

Os produtores nacionais haviam invertido o boicote do Carrefour aos produtos brasileiros e contra-atacaram suspendendo o fornecimento de carne, aves e suínos às lojas do supermercado no Brasil.

Na nota, o Ministério da Agricultura, enalteceu o trabalho desempenhado pelo setor e "a gestão ativa das associações e seus associados na defesa de uma produção de excelência que chega às mesas de consumidores em mais de 160 países do mundo".

Disse ainda que "as boas relações diplomáticas conquistadas pelo governo brasileiro fazem com que, somente nos últimos dois anos, 281 novos mercados se somassem ao extenso portifólio dos produtos agropecuários brasileiros".

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