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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Nova ferramenta do Google que usa IA em buscas é "ameaça à sustentabilidade do jornalismo"

Pesquisas vão mostrar respostas geradas por IA no topo da tela, levando a temor de que sites com conteúdo jornalístico tenham queda de acessos

Plataforma do GooglePlataforma do Google - Foto: Pexels/Reprodução

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O anúncio do Google de que irá levar a inteligência artificial generativa para as buscas preocupou o setor de mídia no Brasil. O presidente-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, disse nesta quarta-feira (15) que “as mais graves preocupações da indústria jornalística estão se materializando" e que vê a nova ferramenta da companhia como uma "ameaça à sustentabilidade do jornalismo."

O novo recurso foi chamado de “AI Overview” (“Resumos de IA”, em português) e vai apresentar respostas geradas pela por inteligência artificial quando os usuários fizerem uma pesquisa no seu buscador. O anúncio foi feito ontem, durante o Google I/O, evento mais importante no calendário da empresa.

"O Google vai apresentar resumos para as respostas dos usuários. Ainda que pretenda oferecer secundariamente links para quem deseja saber mais, é uma clara desvalorização das fontes originais que produzem aquele conteúdo" disse Rech.

Ele continuou:

"Não só há aí mais uma potencial apropriação de direitos de autor alheios: é mais uma, e talvez a mais séria, ameaça à sustentabilidade do jornalismo. Trata-se ainda de uma frontal contradição aos argumentos do próprio Google, de que provê tráfego e receitas para os veículos, a fim de não estabelecer a devida remuneração dos conteúdos jornalísticos usados em sua busca."

O novo sistema foi liberado para os usuários nos Estados Unidos a partir desta terça-feira. O objetivo é lançá-lo para mais países “em breve”, mas não existe uma data definida para a chegada ao Brasil. Até o fim do ano, a empresa espera que mais de um bilhão de pessoas que usam o buscador recebam as respostas geradas pela IA no topo das pesquisas, acima dos links.

O fato de que as respostas formuladas pelo próprio Google ocuparão o espaço privilegiado da página de busca — empurrando para baixo os links — tem levantado preocupações entre aqueles que, de fato, produzem o conteúdo que alimenta a ferramenta.

Desde que o Google começou a testar a IA, com o SGE, os produtores de conteúdo preveem que a mudança provocará uma redução no tráfego para outros sites. A lógica é que, ao receber o conteúdo feito pela IA, o usuário não acessaria os sites indicados na busca.

Previsão de queda de 25% nos acessos
Publicações como o The Atlantic e Wall Street Journal destacaram que os editores de notícia poderiam perder entre 20% e 40% do tráfego gerado pelo Google. Para o The Washington Post, o SGE representa uma potencial ameaça à “sobrevivência de milhões de criadores e editores que dependem do serviço para obter tráfego”.

Uma análise da Gartner, publicada no início do ano, prevê que o volume de tráfego nos mecanismos de busca tradicionais deve cair 25% até 2026 com a difusão de sistemas de IA generativa.

Também existem preocupações ligadas à precisão dos resumos feitos pela IA. A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro, diz que a substituição da busca por sistemas de IA poderia “retirar da esfera pública o direito à informação de qualidade”.

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