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Mercado Financeiro

Nubank pode levantar até US$ 3,6 bilhões com abertura de capital em Bolsa nos EUA

Mesmo com a venda de ações para investidores, os fundadores do banco permanecerão no controle da instituição

Cartão de crédito NubankCartão de crédito Nubank - Foto: Pexels

O Nubank, maior banco digital do país, pode levantar até US$ 3,6 bilhões com sua oferta de ações na Bolsa de Valores de Nova York, de acordo com prospecto da operação divulgado nesta segunda-feira.

Os dados sobre a oferta pública incial de ações (IPO, na sigla em inglês) no mercado americano eram desconhecidos até agora. O prospecto também traz informações sobre o lançamento de Brazilian Depositary Receipts (BDRs), recibos das ações que serão negociados na B3, a Bolsa de Valores brasileira.

O lançamento dos BDRs na B3 acontecerá junto com a oferta inicial de ações nos EUA, que está prevista para acontecer em dezembro.

Mesmo com a venda de ações para investidores, os fundadores do banco — David Velez, Cristina Junqueira e Edward Wible — permanecerão no controle da instituição.

Segundo o prospecto, o Nubank ofertará 289.150.555 milhões de ações ordinárias nos EUA, que servirão como lastro dos BDRs que serão negociados na Bolsa brasileira. A faixa indicativa do preço das ações é estimada pelo banco entre US$ 10,00 e US$ 11,00 (ou R$ 56,12 e R$ 61,74).

O banco estima que o preço de subscrição por BDR ficará entre R$ 9,35 e R$ 10,29, considerando a proporção de seis BDRs para cada ação ordinária. Os papéis serão negociados sob o código “NUBR33”.

Da oferta de BDRs, o banco destinará R$ 202 milhões a clientes da instituição, como antecipou a Coluna Capital. Não haverá custos para quem se interessar pelos papéis. Esse benefício é chamado de programa NuSócios e trata-se de uma ação inédita em oferta de BDRs. Se a demanda superar a oferta pelos BDRs será considerada a ordem de adesão dos clientes.

Segundo o prospecto, a NuInvest, plataforma de investimentos da instituição, será a responsável pela distribuição de BDRs do Nubank no Brasil. Também participam da operação de lançamento de BDRs os bancos HSBC, UBS-BB e Safra.

Com a abertura de capital, o Nubank pode atingir o valor de mercado de US$ 51,2 bilhões (R$ 284 bilhões), se a oferta sair pela maior faixa de valor das ações.

Se o IPO sair na faixa média de preço,  o valor de mercado chegará a US$ 48,3 bilhões, ou R$ 270 bilhões.

Em ambos os casos, o Nubank superaria em valor de mercado os dois maiores bancos privados do país, tornando-se a instituição financeira mais valiosa do país. O Itaú tem valor de mercado de R$ 217 bilhões, e o Bradesco vale R$ 179,3 bilhões.

O analista João Frota, da Senso Corretora, observa que o movimento trazido pelo Nubank ao setor financeiro é disruptivo, e o banco chegou para forçar a concorrência no setor. Ele lembra que as tarifas elevadas cobradas  pelas instituições tradicionais ajudavam a inflar os lucros.Mas o analista avalia que o Nubank chegar à bolsa com um valor superior a Bradesco e Itaú é um exagero e pode sair caro para o investidor.

 —  O Nunbank veio com um modelo disruptivo e os bancos tradicionais estão correndo atrás e acelerando suas fintechs. Hoje, Itaú e Bradesco, por exemplo, já têm bancos digitais, o Iti e o Next, respectivamente.  A tendência é ampliar a gama de produtos bancários e o portfólio de clientes, sobretudo na base em que o Nubank atua - diz o analista.

Para ele, a expectativa é que o modelo do Nubank perca dinamismo nos próximos anos, até pela base de clientes que já conquistou. Com a abertura de capital, o mercado aposta nesse viés de quebra de paradigma do banco digital.

—   Mas acredito que não pode ser a qualquer preço. Acho que na largada, os BDRs do Nubank podem até disparar, embalados pelo modismo das fintechs. Mas toda a cautela é necessária - diz Frota.

No início de outubro, o Nubank anunciou que teve o primeiro lucro de sua história. Segundo dados divulgados pelo banco, no primeiro semestre deste ano, o lucro líquido foi de R$ 76 milhões no Brasil.

Segundo analistas, com a aproximação do IPO, seria interessante o banco apresentar um número positivo ao mercado, depois de prejuízos consecutivos desde sua fundação, em 2013. Nesse período, o banco justificava os números vermelhos como parte de sua estratégia de ganhar escala.

Recentemente, o Nubank recebeu um aporte de US$ 500 milhões da Berkshire Hathaway, a gestora do bilionário Warren Buffett, e outros US$ 250 milhões da americana Sands Capital em parceria com as brasileiras Verde Asset e Absoluto Partners. Os bancos Morgan Stanley, Goldman Sachs e Citi trabalham na oferta de ações do Nubank na Nasdaq.

Procurado, o Nubank não comentou as informações sobre seu IPO.

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