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CPI Americanas

Números maquiados, assinaturas falsas e conivência de auditorias: o que o CEO da Americanas contou

CEO da empresa, Leonardo Coelho Pereira, mostrou troca de e-mails e mensagens sobre a construção de um lucro fictício

O CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, em depoimento à CPI da Americanas na Câmara O CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, em depoimento à CPI da Americanas na Câmara  - Foto: Brenno Carvalho/O Globo

O esquema de fraude bilionária da Americanas foi descortinado na terça-feira, após divulgação de comunicado pela empresa, e o depoimento do atual CEO, Leonardo Coelho Pereira, na Câmara dos Deputados. Documentos apontaram para construção de uma estrutura complexa para sustentar balanços falsos e lucros inflados.

Entenda os seis principais pontos apresentados por Pereira que teriam colaborado para falsificação contábil na companhia.

Balanços maquiados e planilhas secretas
A empresa criava contratos falsos de Verba de Propaganda Cooperada (VPC) com fornecedores para reduzir custos, gerar falsas verbas e reduzir prejuízos. A receita inflada era colocada em uma planilha com acesso apenas à diretoria-executiva da empresa. Os documentos possuem uma coluna com a nomenclatura "visão interna", apresentando um prejuízo de R$ 733 milhões. Outra coluna, com a nomenclatura "visão conselho", mostrava lucro de R$ 2,8 bi.

Falsificação de documentos
Leonardo Coelho Pereira mostrou falsificação de assinaturas em cartas de risco sacado, um tipo de crédito dado a grandes empresas.

- O documento foi escaneado, a assinatura recortada e colocado em um documento falso - disse.

O CEO da Americanas mostrou ainda uma troca de mensagens do antigo diretor Timotheo Barros. O texto diz: "Não podemos mostrar para conselho e mercado nada acima de 3 bi. Será morte súbita".

O número se refere à alavancagem de lucro editada pela companhia.

Auditorias seriam coniventes
Pereira afirmou que as consultorias KPMG e PwC permitiram a alteração de cartas de controles a pedido da diretoria da companhia Americanas.

De acordo com ele, um relatório inicial da KPMG mostrava "deficiências significativas nos balanços da empresa", no início de 2017. Esse não foi divulgado e acabou sendo foi substituído por uma carta de "recomendações que merecem atenção da Administração", sem apontar as deficiências anteriores.

Lucros fictícios
O CEO da Americanas afirmou que o sistema de fraude era complexo e criava-se um lucro fictício. Esses lucros geraram dividendos que foram distribuídos a acionistas e alimentaram o pagamento de bônus aos diretores.

- Os fraudadores conhecem o sistema de governança e se frauda documentos para que pareçam lícitos. Pode ser por isso que as auditorias não tenham percebido - afirmou.

Conselho sem acesso a números reais da dívida
Leonardo Coelho Pereira justificou que o Conselho de Administração da empresa não tinha conhecimento das dívidas porque a comunicação dessas só ocorrem quando atingem 5% do faturamento. Esse valor seria de R$ 700 milhões. Quando os documentos de balanço foram fraudados, as dívidas ficavam sempre abaixo disso.

- Essas dívidas não passaram pelo conselho de administração. Ao que tudo indica, ocorreram trocas entre a diretoria e a KPMG para amenizar as análises - afirmou.

Bancos teriam aceitado suavizar situação
Leonardo Coelho Pereira disse que os bancos citados em trocas de e-mails e mensagens entre ex-diretores da Americanas, como Itaú e Santander, aceitaram modificar a redação de cartas de risco sacado para suavizar a real situação da dívida da companhia.

- Com relação a Itaú e Santander, se eles foram enganados na troca de e-mails? Não, aquela troca de e-mails não se trata disso. Ali também, naqueles exemplos, tem os bancos suavizando um teor. Se eu não me engano, ali estava "trocar sacado por emitido". Consigo dizer que os documentos mostram uma troca de informações entre os bancos e pessoas de dentro da companhia, puxados por pessoas da companhia. Os bancos mencionados aceitam suavizar a redação da carta - disse

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