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Energia

O fim de uma era: EUA proíbem lâmpada incandescente, inventada por Thomas Edison em 1879

O fim de uma era: EUA proíbem lâmpada incandescente, inventada por Thomas Edison em 1879

No lugar das lâmpadas incandescentes entraram as lâmpadas LEDNo lugar das lâmpadas incandescentes entraram as lâmpadas LED - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

É o fim de uma era. Nos Estados Unidos, de acordo com as novas regras de eficiência energética que entraram em vigor na última terça-feira, não será mais possível comprar a maioria das lâmpadas incandescentes, modelo inventado por Thomas Edison no fim do século XIX.

Em seu lugar entraram as lâmpadas LED, que - ame-as ou odeie-as - já transformaram o cenário energético da maior economia do mundo.

Por usarem menos energia, os LEDs - cuja sigla significa diodos emissores de luz- são mais econômicas e também ajudam a reduzir as emissões de gases de efeito estufa do país, que aquecem o planeta e são uma das principais causas das mudanças climáticas.

O novo padrão de eficiência anunciado pelo governo Biden exige que as lâmpadas atendam a um padrão mínimo de produção de 45 lúmens por watt - um lúmen é uma medida de brilho, e as incandescentes normalmente produzem muito menos do que isso por watt. Uma mudança de regra que acompanha a exigência aplica os novos padrões a um universo mais amplo de lâmpadas.

Nenhuma das regras, no entanto, é uma proibição explícita das incandescentes. E alguns tipos especializados de lâmpadas incandescentes - como as que vão dentro de fornos e lâmpadas de insetos - estão isentos. Mas a maioria, terá dificuldades para atender aos novos padrões de eficiência, e o mesmo vale para uma geração mais recente de lâmpadas halógenas.

- A iluminação com eficiência energética é a grande história da energia sobre a qual ninguém está falando . Passar de uma lâmpada incandescente para uma lâmpada LED é como substituir um carro que faz 40 quilômetros por hora por outro que faz 209 km por hora - comparou Lucas Davis, economista de energia da Haas School of Business, da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Economia de US$ 3 bi por ano
Com as novas regras em vigor, o Departamento de Energia espera que os americanos economizem coletivamente cerca de US$ 3 bilhões por ano em suas contas de serviços públicos. No passado, as lâmpadas de LED eram mais caros para comprar, mas os preços do modelo caíram rapidamente para quase a mesma proporção das incandescentes.

A economia de custos pode ser um estímulo especialmente para as famílias de baixa renda, que gastam uma proporção maior de sua renda com serviços públicos. Pesquisas demonstraram que as lojas de varejo dos bairros mais pobres também estavam entre os mais lentas para eliminar as lâmpadas que consomem muita energia.

Nas próximas três décadas, as regras também reduzirão as emissões de dióxido de carbono em 222 milhões de toneladas métricas, informou o Departamento de Energia, que comparou com as emissões de 28 milhões de residências em um ano.

Os LEDs têm outras vantagens. Os consumidores podem esperar menos corridas até a loja para comprar novas lâmpadas ou se apoiar em escadas para substituí-las: As lâmpadas de LED duram de 25 a 50 vezes mais do que as incandescentes.

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As novas regulamentações foram aprovadas com pouco alarde. No ano passado, a maioria dos varejistas retirou as lâmpadas ineficientes das prateleiras em antecipação à regra, mas a maioria das pessoas nem percebeu, disse Andrew deLaski, diretor executivo do Appliance Standards Awareness Project, que defende as regras de eficiência dos aparelhos.

Longo debate político
A mudança das lâmpadas incandescentes tradicionais para as lâmpadas de LED encerra um debate político que já foi um ponto de encontro republicano, muito parecido com a luta partidária "Make Dishwashers Great Again" da era Donald Trump e a mais recente discussão política sobre fogões a gás.

O Congresso estabeleceu os primeiros padrões nacionais de eficiência de lâmpadas em 2007, que foi sancionado pelo presidente George W. Bush. A partir de 2012, a lei exigiu que as novas lâmpadas usassem 28% menos energia do que as lâmpadas incandescentes existentes, dando início ao fim dos modelos mais antigos.

- O governo não tem o direito de dizer a uma pessoa que tipo de lâmpada ela deve comprar - disse a deputada Michele Bachmann, R-Minn, em 2012, apresentando a "Light Bulb Freedom of Choice Act" para revogar a exigência federal.

Essas tentativas fracassaram. Mas o governo Trump paralisou temporariamente uma segunda fase das regras de eficiência de iluminação de 2007, que estavam programadas para entrar em vigor em 2020.

Ao bloquear essas regras - uma das mais de 100 relacionadas ao meio ambiente que foram revogadas durante seu mandato - Trump pareceu atender às preocupações dos fabricantes, cujo grupo comercial argumentou que a proibição prejudicaria o varejo. A National Electrical Manufacturers Association também argumentou que as pessoas já estavam fazendo a mudança.

Um passo à frente
A Europa está um passo à frente, tendo eliminado as lâmpadas incandescentes em 2012. No Brasil, o modelo foi banido em 2016.

Em 2021, a União Europeia disse que também proibiria toda a iluminação fluorescente no próximo mês.

Grupos ambientais e especialistas há muito tempo pressionam pela eliminação gradual das lâmpadas fluorescentes, que são menos eficientes do que as lâmpadas LED e também contêm mercúrio, um metal tóxico.

Nos Estados Unidos, as lâmpadas fluorescentes compactas atendem às novas regras de eficiência, mas poucas ainda são vendidas, e os padrões de eficiência separados propostos para este modelo, ainda não promulgados pelo governo Biden, poderão em breve bani-las das prateleiras também.

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