O que Lula conseguiu e o que ficou de fora da viagem ao Japão que termina nesta quarta
Japão mantém restrições, mas promete seguir negociações com o Brasil
A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Japão resultou na assinatura de dez acordos bilaterais e 80 instrumentos de cooperação em diversas áreas, incluindo energia, meio ambiente e inovação.
A viagem termina nesta quarta-feira, no horário de Brasília (já quinta-feira em Tóquio). O presidente segue para Vietnã.
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Durante a viagem, Lula celebrou avanços, como a venda de aeronaves da Embraer para a ANA (All Nippon Airways) e a ampliação das relações comerciais entre Brasil e Japão.
No entanto, desafios persistem, especialmente na abertura do mercado japonês para o etanol e a carne bovina brasileira.
Em declaração conjunta com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba, Lula afirmou que a relação entre os dois países "mudou de patamar", com a decisão de encontros periódicos entre os chefes de Estado a cada dois anos.
O Brasil e o Japão estabeleceram a meta de elevar o comércio bilateral dos atuais US$ 11 bilhões para US$ 17 bilhões, superando os níveis de 2011.
— Concordamos que o comércio bilateral de 11 bilhões de dólares não corresponde ao tamanho de nossas economias. Nossa meta é superar os 17 bilhões de dólares registrados em 2011 — declarou Lula.
O primeiro-ministro japonês reforçou o interesse em fortalecer as relações com o Mercosul, especialmente em questões ambientais e de descarbonização.
Ishiba destacou a importância dos biocombustíveis e da recuperação de terras degradadas no Brasil, além de se comprometer a trabalhar pelo acesso da carne bovina brasileira ao mercado japonês.
Avanços: Embraer e acordos estratégicos
Uma das grandes conquistas da visita foi a venda de 15 jatos da Embraer para a ANA, com possibilidade de aquisição de mais cinco aeronaves, totalizando um negócio de aproximadamente R$ 10 bilhões.
Além disso, o Brasil e o Japão firmaram uma série de acordos em áreas estratégicas, como:
Cooperação em energias renováveis e descarbonização, incluindo financiamento japonês para projetos de biocombustíveis.
Apoio ao Fundo Amazônia, com uma contribuição inicial de US$ 5 milhões do Japão para medidas de combate ao desmatamento e mudanças climáticas.
Parcerias em ciência, tecnologia e inovação, com investimentos conjuntos em educação, mobilidade e infraestrutura.
Criação do Plano de Ação para a Parceria Estratégica e Global Brasil-Japão (2025-2030), estabelecendo diretrizes para os próximos anos.
Lula também destacou a possibilidade de um acordo entre Mercosul e Japão, com negociações previstas para começar durante a presidência brasileira do bloco no próximo semestre.
Desafios: etanol e mercado de carnes
Apesar dos avanços, Lula não conseguiu garantir a abertura imediata do mercado japonês para carne bovina brasileira.
O Japão ainda mantém restrições sanitárias e segue importando a maior parte de sua carne bovina dos Estados Unidos e da Austrália.
No entanto, Ishiba se comprometeu a continuar discutindo o tema.
Outro desafio foi a exportação de etanol brasileiro.
O Japão tem interesse em aumentar o uso de biocombustíveis para reduzir emissões no setor automotivo, mas ainda não firmou um acordo definitivo com o Brasil sobre a importação de etanol.