EUA

O que se sabe sobre a crise do Silicon Valley Bank, o banco das startups, e quais seus efeitos

No domingo (12), o governo americano anunciou que garantiria os depósitos dos clientes do SVB. Quebra da instituição deve frear alta de juros nos EUA

Silicon Valley Bank Silicon Valley Bank  - Foto: AFP

O colapso do Silicon Valley Bank foi rápido e brutal e deixou grande parte do mundo se perguntando o que virá a seguir. Como único banco de capital aberto focado no Vale do Silício e em startups, a quebra do SVB acabou tendo repercussões nos setores de tecnologia e finanças.

Temendo que o contágio do setor bancário, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o Departamento do Tesouro dos EUA e a Federal Deposit Insurance (equivalente ao brasileiro Fundo Garantidor de Crédito) agiram rapidamente no fim de semana para proteger os depósitos dos clientes e aumentar a confiança no sistema.

Veja abaixo tudo o que se sabe até agora sobre a segunda maior falência de um banco na história dos EUA w a maior desde a crise financeira global de 2008:

Como o Silicon Valley Bank quebrou?
Na quarta-feira passada, dia 8, a controladora do banco, o SVB Financial Group, anunciou que havia vendido US$ 21 bilhões em títulos de sua carteira com prejuízo de US$ 1,8 bilhão e que venderia US$ 2,25 bilhões em novas ações para fortalecer suas finanças. Isso assustou investidores de fundos de venture capital, como Peter Thiel, que instruiu seus clientes a sacarem o dinheiro do banco. Apenas dois dias depois, o SVB faliu, causando calafrios no setor bancário.

Como o colapso do SVB afeta os correntistas?
À medida que a saúde do sistema financeiro estava sob escrutínio, os EUA se comprometeram a proteger totalmente o dinheiro de todos os clientes do SVB, em uma tentativa de impedir corridas a outras instituições financeiras.

Isso foi particularmente importante para aqueles cujas contas continham mais de US$ 250.000 - esse era o limite determinado por lei para garantias de órgãos reguladores. O governo disse que os clientes, mesmo os que tinham mais de US$ 250 mil, teriam acesso ao seu dinheiro a partir desta segunda-feira e que os contribuintes não arcariam com quaisquer perdas.

Haverá contágio para outros bancos?
Após a quebra do SVB, as ações de vários outros bancos regionais despencaram por medo de contágio, enquanto um alto funcionário do Tesouro alertou que outros bancos estavam em situações semelhantes ao SVB.

No domingo, além de prometer proteger o dinheiro dos clientes, o Fed anunciou um programa de empréstimos de emergência para oferecer aos bancos com pouco dinheiro condições mais fáceis em empréstimos de curto prazo. O programa tem US$ 25 bilhões em recursos do Tesouro.

O que aconteceu com os bancos Silvergate e Signature?
Enquanto o SVB estava desmoronando na semana passada, dois outros bancos estavam à beira da bancarrota. O Silvergate Capital e o Signature Bank foram vítimas de suas ligações com o mundo da criptografia. O Silvergate anunciou que encerraria as operações e a liquidação voluntária do banco depois que o colapso da indústria cripto - desencadeada pela queda do FTX - minou sua força financeira e derrubou suas ações.

Já o Signature foi fechado pelos órgãos reguladores do estado de Nova York no domingo, após uma enxurrada de resgates de depósitos na sexta-feira. Os clientes do Signature terão as mesmas proteções do SVB. Várias corretoras de criptoativos grandes, como a Coinbase, têm exposição ao Signature Bank.

E agora, o que acontece com o Silicon Valley Bank?
Depois de se tornar o segundo maior colapso bancário dos Estados Unidos - atrás apenas do Washington Mutual durante a crise financeira global em 2008 -, os ativos do SVB foram colocados em leilão pela Federal Deposit Insurance Corp (FDIC). Ainda não se sabe se houve interessados.

O que o Fed fará com os juros?
Menos de uma semana depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, abriu as portas para uma nova aceleração no ritmo de aumento das taxas de juros, isso agora parece menos provável. Os investidores estão apostando que, com os choques no sistema financeiro, o banco central americano anunciará um aumento menor dos juros do que o esperado, já que o Fed equilibra as preocupações sobre a tensão financeira com seu desejo de reduzir a inflação.

Que efeito o colapso do SVB teve no exterior?
Embora as garantias do governo possam ter dado ao setor bancário dos EUA algum espaço para respirar, a atenção está voltada para a presença global do banco. As autoridades do Reino Unido indicaram que fornecerão apoio imediato aos clientes para permitir que as empresas paguem seus funcionários e cumpram as obrigações de fluxo de caixa, sem fornecer mais detalhes. A joint venture do SVB na China, SPD Silicon Valley Bank Co., também buscava acalmar os clientes locais, lembrando-os de que as operações têm sido independentes e estáveis.

Como os mercados globais reagiram aos movimentos dos EUA?
Os futuros de ações dos EUA subiram mais de 1% e os títulos do Tesouro subiram com a notícia de que os EUA apoiariam os clientes e fortaleceriam o setor bancário. Enquanto o dólar caía, o iene se fortalecia e o ouro subia à medida que os investidores buscavam refúgios na turbulência.

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