OCDE eleva previsões de crescimento mundial para 2023 e 2024
A organização publicou as novas previsões em plena tempestade no setor bancário
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou e elevou as previsões de crescimento mundial para 2023 e 2024, graças à queda da inflação e à reabertura da China, mas fez uma alerta para o risco provocado pelas dificuldades de alguns bancos.
A OCDE, que tem sede em Paris, projeta agora um crescimento da economia mundial de 2,6% este ano, e de 2,9%, para 2024.
Em comparação com as projeções divulgadas em novembro, a organização elevou em quatro décimos a previsão para este ano, e em dois décimos, a de 2024. No ano passado, o crescimento mundial foi de 3,2%.
A OCDE aumentou as previsões de crescimento em 2023 para a maioria das grandes economias do planeta, mas reduziu nos casos de Brasil, Argentina, Japão, Coreia do Sul e Turquia.
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Para o Brasil, a organização calcula agora um crescimento de 1%, dois décimos a menos do que em novembro. Para a Argentina, a projeção é de 0,1%, quatro décimos a menos do que na previsão anterior.
E, para o México, membro da OCDE, o informe projeta um crescimento de 1,8% este ano, dois décimos a mais que a estimativa anterior.
"A guerra na Ucrânia continua provocando profundas consequências econômocas e sociais", afirmou o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann.
A organização publicou as novas previsões em plena tempestade no setor bancário.
Para a OCDE, os aumentos das taxas de juros por parte dos bancos centrais "podem continuar revelando as vulnerabilidades financeiras vinculadas ao endividamento elevado e a uma valorização excessiva de alguns ativos", como foi demonstrado recentemente pela falência de três bancos americanos, incluindo o Silicon Valley Bank.
Em seu relatório, a OCDE destacou que os efeitos do ajuste da política monetária estão sendo sentidos "em certos segmentos do setor bancário, em particular entre os bancos regionais dos Estados Unidos".
A organização também aponta outra fragilidade na conjuntura atual: a queda dos preços do setor imobiliário em vários países, que pode impactar outros setores da economia.
Apesar dos riscos, a OCDE sente uma "melhora progressiva" da situação econômica geral ao longo de 2023 e de 2024, com uma redução da inflação.
Nos países do G20, que representam 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, o aumento dos preços deve desacelerar, passando de 8,1%, em 2022, para 4,5%, em 2024.
A inflação no Brasil e México deve continuar acima da meta em 2023, com 5,4% e 5,9%, respectivamente, e cair no fim de 2024, devido ao endurecimento das políticas monetárias, a 4,3% e 3,4%.
A inflação na Argentina deve permanecer em níveis elevados em 2023 (85%) e 2024 (75%).
E o crescimento mundial será beneficiado pela "completa reabertura da China", que deve registrar uma recuperação em 2023 depois de três anos de política de "covid zero", uma estratégia que afetou consideravelmente a atividade da segunda maior economia mundial.
A Alemanha, maior economia da zona do euro, evitará a recessão este ano com um crescimento de 0,3%.
Os Estados Unidos devem crescer 1,5% em 2023. A previsão anterior era de 0,5%.
O crescimento da China seria de 5,3%, contra 4,6% das projeções de novembro. A Índia pode registrar o crescimento mais robusto do G20, com 5,9%.