Operadora que assumiu clientes individuais da Amil se desfaz de planos coletivos
APS vai se concentrar em planos individuais e transferiu carteira para a Sobam, que faz parte do UnitedHealth Group, também dono da Amil
A operadora de saúde APS (Assistência Personalizada à Saúde), que tem recebido a carteira de planos individuais da Amil, transferiu sua carteira de planos coletivos (empresariais e por adesão) para outra empresa, a Sobam, no dia 1 de fevereiro. A movimentação gerou reclamações de usuários.
A Sobam faz parte do UnitedHealth Group, dono da Amil. A nova operação ocorre após a Amil ter transferido, em janeiro, sua carteira de planos individuais e familiares, que soma 377 mil usuários, para a APS. Essa carteira era notoriamente deficitária.
Com o movimento, a APS, que era uma pequena operadora de saúde com 11 mil usuários até novembro do ano passado, passará a concentrar sua carteira de clientes em planos individuais e familiares. Isso é pouco usual no setor de saúde suplementar, já que essas modalidades de planos têm reajustes regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e, portanto, costumam ser deficitárias ou ter margens reduzidas.
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Em geral, as operadoras buscam concentrar seus beneficiários em planos coletivos, que tem margens maiores porque podem ter reajustes anuais acima do aumento estipulado pela ANS para os planos individuais.
Em nota, a UnitedHealth afirma que a ANS aprovou a transferência da carteira de beneficiários de planos coletivos da APS para a Sobam nas modalidades Empresarial, PME e Adesão, a partir do dia 01 de fevereiro de 2022.
"Nada muda para os beneficiários, que continuam sendo atendidos pela mesma rede credenciada, amparados pelas mesmas condições das prestações de serviços contratadas e sob as mesmas regras da agência reguladora. Com a transferência da carteira ocorrida, a APS passa a dedicar integralmente à gestão de planos individuais e familiares, inclusive aos que passaram a ser a ela vinculados pela transferência parcial da carteira da Amil", diz o conglomerado em nota.
Procurados, APS e ANS não se manifestaram até a publicação desta reportagem.
Quando do recebimento da carteira de planos individuais da Amil, a APS também fazia parte do UnitedHelth, mas tinha apenas 11 mil vidas em seus planos. Em seguida, conforme noticiado pelo GLOBO, o controle da APS foi transferido para um fundo chamado Fiord Capital, o que despertou dúvidas no mercado e entre usuários sobre a sustentabilidade da operadora.
Quando a carteira foi repassada em janeiro, um dos pontos destacados era que APS e Amil pertenciam ao mesmo grupo. Além disso, a informação oficial era que nada mudaria para o usuário, embora haja reclamações de pacientes sobre a redução da rede credenciada.
A Fiord está registrada em um escritório de contabilidade na Zona Leste de São Paulo, cujo único sócio é o economista sérvio Nikola Lukic, cnoforme revelou o colunista Lauro Jardim. A empresa só foi constituída três semanas antes do anúncio da operação com a UnitedHealth.
Antes de abrir a Fiord, Lukic trabalhou por quatro anos no grupo Starboard, fundo especializado em ativos em dificuldades. No grupo, ele comandava a gestão de investimentos na Starboard Asset, braço de fundos de investimentos.
Para se livrar da carteira definitária da Amil, a UnitedHealth desembolsou R$ 3 bilhões para que os planos fossem assumidos pela Fiord em associação com a APS. Neste montante, segundo Lauro Jardim, estão inclusos quatro hospitais da Amil, usado para garantir atendimento aos usuários do plano, e o pagamento de valores à ANS.