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Planejamento familiar

Orçamento familiar: dicas para evitar prejuízos e dor de cabeça

Fazer um bom planejamento financeiro ajuda a organizar as contas, a entender gastos e receitas e a prever quando alguns objetivos mais robustos poderão ser realizados

O núcleo familiar que recebe em torno de um salário mínimo também pode se planejar, levando em consideração a sua rendaO núcleo familiar que recebe em torno de um salário mínimo também pode se planejar, levando em consideração a sua renda - Foto: Freepik

Educação, alimentação, aluguel e lazer. No geral, essas são as despesas básicas e mensais de uma família que precisam de uma estratégia financeira sólida para manter o bem-estar do núcleo familiar. O planejamento financeiro não se trata apenas de administrar as despesas do dia a dia, também serve para garantir segurança e estabilidade para o futuro.

 “Sem planejamento, vivemos passivamente, as coisas vão acontecendo, nós vamos pagando (as contas) e o dinheiro não está sendo direcionado para nada. Com o planejamento, analisamos os nossos gastos, direcionando (investimentos) para os nossos objetivos”, explicou o planejador financeiro José Maurício

A professora de Ciências Contábeis da UniFBV, Ana Luiza Ferreira, indica que os objetivos precisam ser claros para facilitar o planejamento. “Saiba o que a sua família quer alcançar, seja a curto, a médio ou a longo prazo. A outra dica que eu dou é fazer um orçamento. Liste todas as receitas e despesas para entender para onde o dinheiro está indo”, enfatizou.

Além disso, a professora recomenda cortar os gastos não essenciais. “Reduza despesas que não são indispensáveis para liberar mais recursos financeiros para as metas familiares”. Outra dica importante é criar um fundo de emergência. “Guarde dinheiro para cobrir despesas inesperadas, o ideal é ter o equivalente a, pelo menos, três meses de despesas fixas – as que você precisa pagar todo mês, tais como gás, energia, aluguel, água, entre outros”, disse Ana Luiza.

A especialista sugere ainda que as famílias invistam para alcançar objetivos a longo prazo. “Considere escolher um dos rendimentos disponíveis no mercado (existem diversos hoje em dia), consulte um especialista e faça seu dinheiro trabalhar para você”, orientou.

Um bom planejamento precisa priorizar alguns itens. Para Ana Luiza, os gastos essenciais, os débitos com juros altos e a poupança devem ser favorecidos. “Priorize sempre gastos com moradia, alimentação, saúde e educação. Depois considere a quitação de dívidas com juros elevados, como cartão de crédito e cheque especial. Por fim, destinar recursos para poupança e investimentos deve ser uma prioridade, assim que as necessidades básicas e dívidas estiverem controladas”, finaliza.

Dor de cabeça

A falta de organização da vida financeira pode causar prejuízos e render dores de cabeça. “A primeira coisa que acontece é o endividamento. Sem um plano, é fácil gastar mais do que se ganha e recorrer a empréstimos com juros altos! Além do estresse financeiro, que é a incerteza sobre como pagar as contas e que pode causar grande esgotamento físico e mental”, revelou Ana Luiza, acrescentando que a falta de preparo para lidar com emergências também é consequência da má gestão.

“Sem reservas, qualquer despesa não planejada pode se tornar uma crise. A incapacidade de atingir metas financeiras também é um inconveniente. Sem poupar e investir consistentemente, fica difícil alcançar objetivos como comprar uma casa, por exemplo", finalizou.

Salário Mínimo

O núcleo familiar que recebe em torno de um salário mínimo também pode se planejar, levando em consideração a sua renda. “Boa parte do dinheiro vai para necessidades básicas, mas ainda assim é possível se organizar.  Tenha clareza de quanto se pode gastar e tente guardar um pouco, como R$ 50 para emergência, por exemplo. Vai colocando R$ 50 reais todo mês, porque diante de algum problema - que nós vamos ter em algum momento -, a pessoa não precisa se endividar. Há uma reserva para isso”, explicou José Maurício

Yasmim reserva parte dos ganhos para gastos emergenciais

A secretária, Yasmim Carneiro, de 26 anos, mora com o seu parceiro e ambos buscam se planejar ao longo do mês para manter as contas em dia e não esquecer de realizar nenhum pagamento. “Usamos planilhas de controle financeiro, com metas e limites de gasto, considerando poupanças e/ou alguma economia feita durante o mês anterior, como gastos com cartão de crédito que é limitado e direcionado para lazer (pré-planejados) e eventuais emergências”, disse Yasmim.

Em casa, segundo a secretária, “cada um é responsável por um meio a meio de todos os pagamentos e alimentação, com cerca de 60% de cada renda para não haver injustiça na divisão”, afirmou. Yasmim conta que essa divisão é importante porque há gastos emergenciais durante o mês que, por vezes, costumam afetar o bolso do casal. “Gastos emergenciais e inevitáveis costumam pesar muito. Doença e compras individuais que podem sair do limite de gastos no crédito e desequilibrar o planejamento prévio”, finalizou.

Yasmim afirma que o planejamento financeiro é muito importante para o bem-estar da relação. “O planejamento é muito importante para que possamos ter pequenos luxos, como um lanche no final de semana ou viagem no final do ano. Se não houver planejamento, vivemos apenas para pagar contas, o que afetaria muito o relacionamento”, alertou.

Ela relata que, dependendo do mês, os gastos pessoais transformam-se em investimento. “Se queremos viajar daqui há dois meses, nos dois meses anteriores o foco será a viagem, ou seja, a economia é necessária em outros âmbitos. Autocontrole e muita conversa ajudam a manter o foco no objetivo da vez”.  

Filhos

Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Ensino e Pesquisa (Insper) - que considerou os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - aponta que cerca de 30% da renda familiar é atribuída às despesas com os filhos.

A nutricionista Emily Andrade, 29 anos, costuma dividir as contas considerando seus gastos pessoais junto com as necessidades do seu filho. “Eu divido por categorias: contas da casa (aluguel, conta de água, conta de energia, internet...), minhas contas particulares, como academia e o cartão de crédito, e as contas do meu filho (escola, hotelzinho, judô...)”, explicou.

Emily também conta com a ajuda do pai do seu filho para arcar com as despesas. “Para os custos, eu uso a pensão ofertada pelo pai e complemento com a minha renda”, relatou.

Para a nutricionista, o planejamento financeiro é fundamental na vida de qualquer pessoa. “O planejamento financeiro é a minha principal estratégia para manter o controle das contas e tentar fazer o dinheiro render até o final do mês. Acredito que ele seja essencial na vida de qualquer pessoa”, concluiu.

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