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Setor bancário suíço

Os escândalos do banco Credit Suisse nos últimos anos

A entidade era considerada o "elo fraco" do setor bancário suíço

As ações do Credit Suisse despencaram em 15 de março de 2023, depois que seu principal acionista disse que não forneceria mais financiamento, com comentários tranquilizadores do presidente do banco suíço incapaz de acalmar o pânico do mercadoAs ações do Credit Suisse despencaram em 15 de março de 2023, depois que seu principal acionista disse que não forneceria mais financiamento, com comentários tranquilizadores do presidente do banco suíço incapaz de acalmar o pânico do mercado - Foto: Fabrice Coffrini / AFP

As ações de Credit Suisse, que passa por uma restruturação profunda, continuaram derretendo nesta quarta-feira (15), depois de uma série de escândalos nos últimos anos envolvendo a entidade financeira, considerada o "elo fraco" do setor bancário suíço.

Quebra da Greensill
O banco viu seu braço de gestão de ativos balançar com a falência da companhia financeira britânica Greensill em 2021, na qual havia comprometido cerca de 10 bilhões de dólares através de quatro fundos.

Quando uma seguradora se negou a renovar os contratos da Greensill - uma firma britânica que utilizava acordos financeiros complexos para emprestar dinheiro a empresas para que pagassem suas despesas -, o Credit Suisse, que já não podia calcular o valor dos fundos, começou a liquidá-los.

Consequentemente, a Greensill quebrou e abalou as empresas que dependiam dela para ter liquidez, uma falência que também afetou seus credores, entre eles o gigante japonês SoftBank.

Fundo Archegos
Quatro semanas mais tarde, o fundo americano Archegos já não podia injetar dinheiro para cobrir seus investimentos em derivados, o que desencadeou uma venda maciça em Wall Street.

Vários bancos grandes foram afetados, sendo o Credit Suisse o mais prejudicado, em cerca de 5 bilhões de dólares.

Crédito para Moçambique
Em outubro de 2021, o banco viu-se imerso em um caso de corrupção em Moçambique, relacionado com empréstimos a empresas estatais.

As autoridades de Estados Unidos e Reino Unido impuseram sanções ao banco no valor de 475 milhões de dólares.

Os empréstimos, concedidos entre 2013 e 2016, serviriam para financiar projetos de vigilância marítima, pesca e estaleiros, mas foram parcialmente desviados para pagamento de propina.

Violação das normas de quarentena
Em dezembro de 2021, o tabloide suíço Blick revelou que o então presidente do banco, Antonio Horta-Osorio, tinha infringido as normas de quarentena relacionadas com a pandemia de covid-19.

Além disso, a imprensa fez outras revelações, como o descumprimento das restrições sanitárias para assistir a uma partida de tênis em Wimbledon.

O banqueiro acabou renunciando menos de nove meses depois de assumir o cargo.

"Suisse secrets"
Em fevereiro de 2022, o Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), um consórcio de 47 meios de comunicação, entre eles o francês Le Monde e o americano New York Times, publicou uma investigação intitulada "Suisse secrets" ("Segredos suíços", em inglês).

A investigação, baseada em dados de contas dos anos 1940 até o fim da década de 2000, revela que o banco recebeu recursos de clientes envolvidos em casos criminais e de corrupção.

Julgamento em Bermudas
Em março de 2022, um tribunal de Bermudas confirmou que o ex-primeiro-ministro georgiano Bidzina Ivanishvili tinha registrado perdas em seus investimentos geridos por Patrice Lescaudron, um ex-banqueiro francês do Credit Suisse, demitido em 2015, condenado por fraude em Genebra em 2018 e que se suicidou dois anos depois.

Lavagem de dinheiro de cocaína na Bulgária
Em junho de 2022, o banco foi condenado na Suíça em um caso de lavagem de dinheiro vinculado a uma rede búlgara de tráfico de cocaína. Foi multado em 2 milhões de dólares.

Dois acordos por litígios antigos
Em outubro de 2022, o banco resolveu um litígio nos Estados Unidos que remontava à crise financeira de 2008, relativo a títulos lastreados em hipotecas, chegando a um acordo em troca de um pagamento de 495 milhões de dólares.

Já na França, concordou em pagar 238 milhões de euros para evitar ser processado por prospecção ilegal de clientes e fraude fiscal agravada entre 2005 e 2012.

Greensill, parte 2
No final de fevereiro de 2023, dois anos depois do escândalo da quebra da Greensill, a Autoridade Suíça dos Mercados Financeiros (Finma) acusou o Credit Suisse de ter "descumprido gravemente suas obrigações prudenciais" em matéria de gestão de riscos.

Adiamento do relatório anual
Na semana passada, o banco adiou a publicação de seu relatório anual após pedido da SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, que levantou dúvidas sobre suas contas para os exercícios 2019 e 2020.

Nesta terça-feira, o Credit Suisse reconheceu "fragilidades materiais" em seus controles internos ao publicar o relatório anual, o que derrubou as ações do banco.

Hoje, o derretimento dos papéis se acelerou depois que a principal acionista declarou que não vai apoiar a entidade aumentando sua participação.

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