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Os indígenas de Jatobá usam a tilápia na culinária e em ritual protagonizado pelos Encantados

No município, predomina a etnia Pankararu, povo com ricas tradições culturais

O povo pankararu de Jatobá usa tilápia nas cerimônias religiosas para agradecerO povo pankararu de Jatobá usa tilápia nas cerimônias religiosas para agradecer - Foto| Chellton Bizerra/Prefeitura de Jatobá - divulgação

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• Jatobá, município pernambucano dos Encantados e campeão nordestino na produção de tilápias

O município de Jatobá, no Sertão de Itaparica, tem uma das menores populações de Pernambuco, com 14.904 pessoas, ocupando o 132° lugar no ranking de 184 cidades do Estado, além da Ilha de Fernando de Noronha (dados do IBGE). Mas a cidade é conhecida por ter uma grande população indígena, da etnia Pankararu. Os indígenas do município usam a tilápia na culinária, especialmente em pirão de peixe, e em rituais religiosos de agradecimento realizados ao longo do ano. Entre eles, estão A corrida do Umbú, que simboliza a safra do fruto (o início do ano, o recomeço, a purificação e a resistência); O Menino do Rancho, um ritual de cura e iniciação para os meninos, e Três Rodas, cerimônia de gratidão por bençãos recebidas. Eles vivem especialmente da agricultura familiar e agradecem à vida com frequência.

A galeria de fotos é assinada pelo fotógrafo Chellton Bizerra, da Prefeitura de Jatobá

“Usamos a tilápia em todas as nossas festas e celebrações que acontecem ao longo do ano, fazemos especialmente pirão de peixe. Somente em Jatobá, somos entre 4 mil e 6 mil indígenas, aproximadamente um terço da cidade. Quem quiser conhecer uma das nossas aldeias, pode vir, mas precisa de autorização do cacique”, disse a liderança Maria Jacielma Monteiro do Nascimento, 45 anos, da Aldeia Caxiado

O povo Pankararu que mora em Jatobá realiza o famoso ritual do Toré nas festas ancetrais que ocorrem ao longo do ano. O Toré é uma dança circular, um ritual religioso de agradecimento, no qual são convocados religiosamente os Encantados do Sertão, os seres de luz da natureza. Eles retratam a ascenstralidade, a fé e a força do povo indígena sertanejo. Os Encantados são conhecidos, inclusive, pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os personagens anônimos que recebem espiritualmente os Encantados chamam-se Praiás. Eles usam vestes belíssimas feitas de palha, cantam e dançam, um retrato de esperança nas aldeias do solo sertanejo.

A Corrida do Umbú marca o início do ano, o início da safra do umbú, a esperança, o recomeçoA Corrida do Umbú marca o início do ano, a renovação: Foto| Maria Cleide Barbosa/indígena do povo Pankararu

OS PEIXES ENCANTADOS DO SERTÃO E DO SAARA

A terra indígena do Povo Pankararu, dos Encantados do Sertão, também se estende aos municípios vizinhos de Petrolândia e Tacaratu. Ambas também são produtoras de tilápias.

Jatobá não é considerado um município rico, segundo dados do IBGE, e estabeleceu, entre os desafios para 2023, ampliar a produção de peixes e da agricultura.

A tilápia cultivada no município tem origem no Nilo, o rio que reordenou a história da humanidade. São os peixes encantados que garantem a sobrevivência, a segurança alimentar e a renda.

Os peixes nilóticos se adaptaram à vida do Rio São Francisco e do Sertão de Pernambuco da mesma forma que povoaram o rio mais famoso da antiguidade, o Nilo, cujas águas passam pelo Deserto do Saara.

 

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