Logo Folha de Pernambuco

Taxa de juros

Os três principais recados do Banco Central ao manter a Selic em 13,75%

BC adotou tom mais brando, mas ainda não indicou corte de juros na reunião de junho

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto e  o ministro da Fazenda, Fernando HaddadPresidente do Banco Central, Roberto Campos Neto e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75%, conforme esperado não só pelo mercado, mas também por integrantes da equipe econômica do governo. Confira abaixo os três principais recados do Comitê de Política Monetária (Copom):

1) Tom mais brando, mas sem indicação de corte
O Banco Central adotou um tom mais brando no comunicado da decisão, mas não sinalizou que irá cortar os juros na próxima reunião em junho. O BC voltou a falar em "paciência e serenidade" na condução da política monetária e, apesar de ter voltado a dizer que há risco de alta dos juros, esse cenário ficou "menos provável":

"O Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas", diz o Comunicado

Para Andrea Damico, sócia e economista-chefe da Armor Capital, ainda é um comunicado duro, seguindo a tradição das últimas reuniões, porém houve uma mudança "tímida" de tom, que começa a deixar a "porta um pouco aberta" para um movimento de queda de juros.

— O BC mantém aquele trecho sobre não hesitar em retomar o ciclo de ajustes caso o processo de desinflação não transcorra como esperado. Porém, é ressaltado que esse é uma cenário menos provável. Ou seja, subir juros é menos provável — avalia.

2) Arcabouço fiscal não garante queda imediata dos juros
Esta foi a primeira decisão do Copom após a divulgação do arcabouço fiscal pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O Banco Central fez referência ao texto por três vezes. Primeiro, disse que, como ainda não foi votado, ainda não se sabe qual será o seu desenho final. Depois, afirmou que o arcabouço, por si só, diminui riscos, o que é positivo para a inflação. Por mim, voltou a afirmar que "não existe relação mecânica" entre a aprovação do texto e a queda da Selic:

"Por um lado, a reoneração dos combustíveis e, principalmente, a apresentação de uma proposta de arcabouço fiscal reduziram parte da incerteza advinda da política fiscal. Por outro lado, a conjuntura, caracterizada por um estágio em que o processo desinflacionário tende a ser mais lento em ambiente de expectativas de inflação desancoradas, demanda maior atenção na condução da política monetária.

O Copom enfatiza que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, e avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas. "

3) Ênfase nas 'expectativas de inflação'
Embora a inflação corrente esteja em queda, como vem mostrando o IBGE nas últimas divulgações do IPCA, o Banco Central mantém parte do seu foco nas expectativas de inflação. Segundo o Boletim Focus, que coleta as projeções do mercado financeiro, a projeção para o IPCA de 2024 está em 4,18%, acima dos 4,13% de um mês atrás. Mas se manteve estável nas últimas duas semanas. O problema é que a meta de inflação para o ano que vem é de 3%:

"O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas."

Veja também

Programa BNDES Fundo Clima aprova, em 7 meses, 2,5 vezes valor aprovado em toda sua história
clima

Programa BNDES Fundo Clima aprova, em 7 meses, 2,5 vezes valor aprovado em toda sua história

Lula aceitou que medidas fiscais sejam estruturais, mas PT quer que atinjam "andar de cima"
medidas fiscais

Lula aceitou que medidas fiscais sejam estruturais, mas PT quer que atinjam "andar de cima"

Newsletter