Pacto entre Meta e Google sobre publicidade on-line é alvo de investigação na UE e Reino Unido
Autoridades antitruste temem que acordo, apelidado de 'Jedi Blue', possa tirar concorrentes do mercado de anúncios veiculados em websites e aplicativos
Órgãos reguladores no Reino Unido e na União Europeia abriram uma investigação antitruste sobre a publicidade on-line do Google e da Meta, dona do Facebook, em sua mais nova tentativa para reprimir o poder de mercado das maiores empresas de tecnologia do mundo.
A Comissão Europeia e a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido expressaram temores de que um pacto entre as duas gigantes companhias de tecnologia — já apelidado de “Jedi Blue” — possa tirar concorrentes do mercado de anúncios veiculados em websites e aplicativos. As duas big techs são acusadas de trabalhar de forma coordenada para incrementar os lucros publicitários, atuando juntas para sustentar suas operações.
Agências reguladoras ao redor do mundo começaram a analisar o enorme poder que Google, pertencente à Alphabet, e Facebook, pertencente à Meta, assim como Instagram e WhatsApp, exercem sobre os mercados de anúncios – que movem os lucros dessas gigantes da tecnologia.
As investigações anunciadas por UE e Reino Unido nesta sexta-feira tocam nas mesmas questões que autoridades nos EUA já levantaram.
— Muitas publicações contam com a exibição de publicidade online para financiar conteúdo online para os consumidores”, afirmou a comissária de Concorrência da UE, Margrethe Vestager.
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Se as preocupações da UE forem confirmadas, afirma, “isso restringiria e distorceria a concorrência no já concentrado mercado de anúncios digitais, em detrimento de tecnologias rivais de veiculação de anúncios, das publicações e, em última instância, dos consumidores”.
O Google já foi multado em mais de US$ 9 bilhões pela UE por outras supostas infrações antitruste. A Meta também está sendo investigada por suspeitas de uso indevido de dados coletados de anunciantes para competir contra eles no ramo de anúncios classificados.
Diferentemente das empresas menores voltadas para tecnologia de anúncios, o Google controla grandes segmentos do mercado de anúncios on-line, ao operar um serviço de compra de anúncios para profissionais de marketing, um serviço de venda de anúncios para publicações, além de uma bolsa de negociação em que ambos os lados concluem transações em leilões rápidos.
Essas bolsas funcionam como plataformas de negociação de ações, com lances automatizados. Concorrentes e publicações reclamam que o Google se aproveita dessa vasta rede — inclusive da bolsa de anúncios — para beneficiar outras áreas da própria companhia e prejudicar rivais.
A Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido afirmou em outro comunicado que está investigando se “a conduta do Google pode ter afetado a capacidade de outras empresas de competir com o produto header bidding”, se referindo à tecnologia que permite a negociação direta de espaços publicitários na internet.
Os dois órgãos governamentais vão “cooperar de forma estreita”, afirmou a UE.
Segundo o Google, os argumentos apresentados pelos dois órgãos são “alegações falsas”. “Este é um acordo documentado publicamente e em prol da competição que permite que o Facebook Audience Network participe de nosso programa Open Bidding, juntamente com dezenas de outras empresas”, afirmou o Google em comunicado.
A participação do Facebook da Meta “ajuda” a atingir o objetivo de trabalhar com redes e bolsas de anúncios para “aumentar a demanda por espaço publicitário, o que ajuda as publicações a gerar mais receita”, acrescentou o Google.
De sua parte, a Meta afirma que o “acordo não exclusivo de lances com o Google e acordos semelhantes que temos com outras plataformas de lances ajudaram a aumentar a concorrência na veiculação de anúncios”. A companhia declarou que vai “cooperar em ambos os inquéritos”.