Logo Folha de Pernambuco

Auxílio Brasil

Pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600 fora do teto pode causar rombo de R$ 103 bi no governo em 2023

O órgão alerta para o cenário de risco para o próximo ano, principalmente por causa da incerteza trazida pelo período eleitoral

Cartão do Auxílio BrasilCartão do Auxílio Brasil - Foto: Júlio Dutra/Ministério da Cidadania

A prorrogação de gastos que não cabem no orçamento e de benefícios tributários podem gerar um rombo nas contas públicas de até R$ 103 bilhões em 2023, de acordo com os cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado Federal. O órgão alerta para o cenário de risco para o próximo ano, principalmente por causa da incerteza trazida pelo período eleitoral.

Só a promessa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), candidatos à presidência, de manter o pagamento do Auxílio Brasil em R$ 600 geraria um impacto de R$ 51,8 bilhões nas contas públicas. O cálculo foi feito considerando os pagamentos para 21,6 milhões de famílias, fora do teto de gastos.

O órgão também alerta para a manutenção de benefícios tributários. Um exemplo é a desoneração de impostos que incidem sobre combustíveis, que também constam nas promessas da dupla que disputa o Planalto.

“Meta de resultado primário de 2022 deve ser cumprida com larga folga, mas cenário para 2023 preocupa. Se, no cenário base, o governo consegue cumprir a meta de resultado primário e o teto de gastos, nos cenários alternativos, o risco de descumprimento das regras, tanto do teto quanto de primário se elevam. Neste relatório a IFI atualizou essas projeções e o diagnóstico é o mesmo: a prorrogação de gastos e benefícios tributários para o próximo exercício elevam o risco de descumprimento das regras fiscais”, diz a IFI.

No cenário base, a IFI projeta para 2023 um “pequeno déficit” de R$ 4,5 bilhões. “No cenário alternativo, em que o benefício adicional do Auxílio Brasil é executado por fora do teto, o déficit primário projetado para 2023 aumenta para R$ 103 bilhões”, pontua.

A incerteza para o próximo ano também passa pela questão da arrecadação federal. O órgão considerou o aumento das receitas desse ano, da ordem de R$ 200,2 bilhões acima do previsto, como um aumento ‘brutal’, que compensou a elevação das despesas, ainda que não tenha como fazer frente a necessidade de bloqueios no orçamento para o cumprimento do teto de gastos.

A diretora da IFI Vilma Pinto diz que comparando a arrecadação federal, apesar do crescimento, já se observa uma queda, na margem, do volume que é administrado pela Receita Federal. Para ela, isso reforça a questão crucial de avaliar o cárater estrutural desse incremento, que é usado para a redução de impostos.

— O crescimento de receita que a gente observa esse ano é base para medidas que ampliam o gasto, nos níveis subnacional e nacional. Teve redução do IPI e ICMS, de forma permanente, e reduções do PIS/Cofins sobre combustíveis, que o governo já incluiu na proposta orçamentária do ano que vem, de forma a considerar uma prorrogação dos benefícios. Essas medidas são adotadas com base na premissa de que as receitas estão crescendo de forma estrutural — diz, defendendo o olhar atento para que esses cortes de impostos não se traduzam em bomba fiscal.

Veja também

Governo bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024
Orçamento de 2024

Governo Federal bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Newsletter