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Paixão de Zuckerberg por esportes de combate vira "risco corporativo" na Meta, dona do Facebook

Aviso aos investidores incluído no relatório anual da empresa divulgado na sexta-feira (2) ocorreu após desafio de Elon Musk para uma luta que nunca se concretizou

Luta entre Mark Zuckerberg e Elon Musk vira meme na internet Luta entre Mark Zuckerberg e Elon Musk vira meme na internet  - Foto: Reprodução/Twitter

Há alguns meses, um colunista da Bloomberg brincou dizendo que, para evitar possíveis ações judiciais de investidores, a Meta deveria alertar em seus relatórios anuais e prospectos financeiros sobre a paixão de Mark Zuckerberg pelas lutas marciais e outros esportes de combate.

No mínimo, argumentou este especialista, quando o desafio de Elon Musk para uma luta contra Zuckerberg num octógono estivesse circulando, os advogados se divertiriam redigindo o aviso. Independentemente de os conselheiros da Meta terem lido essa coluna ou não, a empresa apresentou seu relatório anual na última sexta-feira, e ele lista a predileção do fundador e CEO da empresa para esportes de alto risco como um fator de risco.

"Atualmente, dependemos do serviço e do desempenho contínuos de nossos executivos-chave, incluindo Mark Zuckerberg", afirma a empresa em seu relatório anual, acrescentando:

"Impacto significativo" se Zuckerberg ficar "indisponíve"'
"O sr. Zuckerberg e alguns outros membros da gerência participam de diversas atividades de alto risco, incluindo esportes de combate, esportes radicais e aviação recreativa, que trazem o risco de lesões graves e morte. Se o sr. Zuckerberg ficar indisponível por qualquer motivo, poderá haver um impacto adverso significativo em nossas operações".

O aviso é mais uma demonstração de como as empresas tentam se proteger, em seus informes sobre fatores de risco, de possíveis processos judiciais por não serem transparentes ao expor as ameaças que enfrentam no mercado. As empresas apontam riscos muito reais nesses informes, mas também deixam sua imaginação correr solta e se colocam no pior cenário possível - tudo para se blindar de eventuais disputas judiciais no futuro.

O relatório anual da Meta descreve dezenas de riscos de diferentes tipos. O capítulo dedicado a eles ocupa 36 páginas, mais de um quarto de todo o relatório anual. Os riscos listados estão relacionados às suas ofertas de produtos e serviços, finanças, regulamentação, dados e estrutura acionária, e vão desde a paixão de Zuckerberg por esportes de combate até a exposição de notícias negativas sobre a empresa.

Se as ações de uma empresa caírem drasticamente como resultado de um evento que não foi divulgado em prospectos e relatórios anuais, as chances de uma ação coletiva ou acusações de fraude contra a administração da companhia são multiplicadas. Diversos escritórios de advocacia dos EUA estão constantemente atentos às quedas das empresas no mercado de ações para verificar se têm a oportunidade de entrar com uma ação judicial contra elas que poderia ser acompanhada por seus acionistas.

Relatórios anuais anteriores da Meta alertaram sobre a importância do mandato de Mark Zuckerberg na empresa, mas sem nenhuma referência aos seus hobbies ou aos do restante da equipe de executivos. Essa nova menção a "atividades de alto risco, como esportes de combate, esportes radicais e aviação recreativa" vem na esteira da briga - em última análise, por enquanto apenas metafórica, para a decepção de muitos - entre Zuckerberg e o CEO da Tesla, Elon Musk.

Os dois se desafiaram para uma luta em um ringue em Las Vegas em junho do ano passado. Musk jogou a luva no chão e Zuckerberg a pegou. As brincadeiras continuaram por algum tempo até que Zuckerberg disse, aparentemente desapontado, que se a luta nunca aconteceria, e que era melhor seguir em frente.

Em setembro, o biógrafo de Musk, Walter Isaacson, explicou que o desafio nunca foi sério:

"É uma piada total. É uma metáfora. Ele não está entrando em uma jaula para lutar com Mark Zuckerberg. Ele tem um senso de humor de menino de escola em que trolla as pessoas. Ele faz piadas. E as outras pessoas não entendem que uma de suas personalidades é a de um brincalhão juvenil" disse Isaacson em uma entrevista ao El País.

Mesmo que não seja contra Elon Musk, se Zuckerberg for nocauteado em uma briga ou em qualquer outra dessas atividades que acarretam "risco de ferimentos graves e morte", a empresa poderá dizer que já o avisou.

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