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Tecnologia

Pandemia e guerra da Ucrânia dividem espaço com 5G no maior evento de telefonia do mundo

Organização do congresso, que acontece em Barcelona, fez questão de informar aos participantes que não há russos ou empresas da Rússia na feira

Tecnologia 5G no Brasil Tecnologia 5G no Brasil  - Foto: Evaristo Sa/AFP

Dois anos depois desde o início da pandemia da Covid-19 e com o pior da variante Ômicron ficando para trás, o setor de telecomunicações ensaia uma volta à normalidade, reunindo-se de forma presencial pela primeira vez desde 2019, no maior evento da área no mundo, o Mobile World Congress, realizado em Barcelona.

Mas se a Covid parece estar sendo vencida, a sombra com a guerra na Ucrânia no leste da Europa trouxe novamente uma espécie de cautela adicional.

Na tentativa de evitar um cancelamento de última hora, assim como ocorreu em 2020, a organização do evento correu para informar que não há russos ou empresas da Rússia no evento.
 

A volta, no entanto, teve adaptações com a Covid e contou com a ajuda da "tecnologia”, que substituiu o papel e os crachás. Desta vez, é tudo via aplicativos, identificação facial e QR Codes.

Dentro do evento só entra quem estiver vacinado e protegido com, ao menos, as duas doses. Sem isso, o app não libera o acesso ao local, que deve receber 60 mil visitantes de 150 países até quinta-feira.

Segundo o executivo de uma empresa europeia que está participando do congresso, a edição 2022 dá início a uma nova fase de normalidade no mundo sob a ótica da saúde pública. Máscaras e álcool em gel são indispensáveis. Desde o início do mês, o uso de máscaras na Espanha não é mais obrigatório ao ar livre, apenas em lugares fechados.

O clima de que o “pior já passou” ganhou força no fim de janeiro quando o governo disse que poderia tratar a Covid-19  como uma endemia (que está sempre presente, mas sob controle). 

Na ocasião, Pedro Sánchez, disse que, embora aguarde relatórios mais conclusivos, irá “avaliar a evolução da Covid para uma doença endêmica”, disse.

É assim que o MWC está reunindo mais de 1.500 empresas do setor para falar essencialmente sobre 5G. As empresas estão reforçando de última hora mensagens sobre segurança e eficiência da rede de Quinta Geração por conta dos ataques cibernéticos dos últimos dias envolvendo Rússia e Ucrânia. Desde o início dos ataques, hackers derrubaram sites russos e ucranianos.

Dan Ives, diretor e analista sênior da Wedbush Securities, diz que, com retirada da Rússia do Swift, haverá uma escalada da guerra cibernética. Para ele, é esperado um aumento significativo de ataques à rede por organizações apoiadas pelo Kremlim "nas próximas semanas visando várias empresas e agências governamentais dos EUA e da Europa".

— A Agência de Segurança Cibernética e de Infraestrutura dos EUA colocou os departamentos de TI em alerta máximo para vários ataques cibernéticos. Vimos muitas atividades avançadas de proteção cibernética no fim de semana, à medida que mais organizações, empresas e governos colocaram defesas cibernéticas sofisticadas à frente do que provavelmente será uma escalada de ataques cibernéticos em empresas americanas e europeias com foco em instituições financeiras entre outros verticais importantes.

O analista prevê, como reflexo imediato, um aumento nos gastos com a prevenção de ataques cibernéticos sofisticados baseados na Rússia que perseguem datacenters e redes.

— Também acreditamos que a negação de serviço, engenharia social e violações de senhas estarão na frente e no centro para os consumidores, que devem estar em alerta máximo.

O Mobile World Congress começa nesta segunda-feira tendo o 5G como protagonista absoluto.  A GSMA, associação que reúne as principais empresas do setor, revelou que somente a Quinta Geração vai gerar investimentos de US$ 527 bilhões entre 2022 e 2025 em todo o mundo. O valor representa 85% do total a ser aplicado no setor, de acordo com os dados inéditos.

Na América Latina, a previsão é que o 5G receba recursos de US$ 37 bilhões nos próximos quatro anos, cerca de 75% de todos os investimentos no setor. Ficará atrás da Ásia (US$ 218 bilhões), América do Norte (US$ 200 bilhões) e Europa (US$ 109 bilhões). Nessas três regiões, o 5G vai somar quase 100% dos investimentos. 

A previsão é que o total de conexões 5G passe de uma participação de 8% do mercado hoje  para 25% em 2025 — passando de um bilhão de conexões para cinco bilhões no período. Dessa forma, vai ultrapassar o volume de conexões 3G, hoje de 20% do mercado total. 

— Agora, depois desses dois anos de pandemia, as empresas e operadoras perceberam que precisam ampliar os investimentos para gerar mais receitas e fazer o mundo girar. Por isso, vamos ver cada vez mais os preços menores. Hoje no mundo já vemos celulares 5G abaixo dos US$ 500 — disse Alejandro Adamowicz, diretor da GSMA.

No Brasil, os investimentos em 5G devem movimentar cerca de US$ 25,5 bilhões até 2025, avalia o IDC. A nova rede, que vai permitir velocidade até cem vezes maior que o atual 4G, vai ser lançada oficialmente nas principais capitais em julho deste ano, embora algumas teles como Claro e Vivo já estejam oferecendo os serviços de forma localizada desde dezembro.

O brasileiro já tem à disposição 55 celulares habilitados para a nova rede 5G. Na lista, há marcas como Samsung, Motorola, Apple, Realme e Xiaomi, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

— O 5G  vai  impulsionar uma maior adoção de tecnologias como inteligência artificial, análise de dados, nuvem, segurança e robótica — diz Luciano Saboia, gerente de pesquisa e consultoria de telecomunicações da IDC Brasil.

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