Logo Folha de Pernambuco

Crédito consignado

Para tentar tirar consignado do Auxílio Brasil do papel, governo agora quer teto para juros

Caso o BC dê aval à criação de um teto, uma ideia seria adotar o piso dos juros do consignado para aposentados e pensionistas do INSS

Cartão do Auxílio BrasilCartão do Auxílio Brasil - Foto: Júlio Dutra/Ministério da Cidadania

O governo corre para tirar do papel ainda setembro, a menos de um mês das eleições, o empréstimo consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil. Para isso, quer criar um teto de juros para a nova modalidade.

A ausência de um limite para o crédito é alvo de críticas de especialistas, que apontam o risco de superendividamento. Muitos bancos também vêm resistindo a oferecer o financiamento, alegando que a parcela da população que recebe o benefício é vulnerável e que há risco de inadimplência.

O objetivo do governo é permitir financiamento à população mais pobre do país antes das urnas, o que poderia ajudar na popularidade de Jair Bolsonaro. O presidente tenta a reeleição.

Após críticas ao risco de endividamento dessas famílias, o Ministério da Cidadania enviou uma consulta ao Banco Central (BC) para saber se a instituição tem prerrogativa para fixar um teto para os juros nessa modalidade de empréstimo e quais critérios teriam de ser adotados para isso.

Entre grandes bancos, Caixa vai ofertar consignado

As poucas instituições financeiras que se interessaram pelo consignado do Auxílio Brasil abriram pré-cadastros a interessados indicando juros de até 80% ao ano, mais que o dobro do cobrado a servidores, aposentados e pensionistas.

Entre os grandes bancos, até agora só a Caixa Econômica Federal tem disposição de ofertar o crédito. Itaú, Bradesco e Santander já indicaram que não entrar no programa. E o Banco do Brasil está em dúvida sobre sua participação.

A legislação que trata do assunto permite que as famílias possam comprometer até 40% do valor do benefício, que hoje é de R$ 600. Não entra em detalhes sobre a taxa de juros e retira da União qualquer responsabilidade sobre o empréstimo a esse público, considerado um dos mais vulneráveis da população.

Segundo técnicos do Ministério, caso o BC dê aval à criação de um teto, uma ideia seria adotar o piso dos juros do consignado para aposentados e pensionistas do INSS, em 2,14% ao mês. Esse é também o teto do empréstimo para idosos e deficientes da baixa renda que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Risco de ficar sem benefício

Pela lei, as regras do consignado para beneficiários do INSS e do BPC são de competência do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPC), formado por representantes do governo, dos bancos e dos trabalhadores.

Além da vulnerabilidade dos mais pobres, executivos do setor financeiro apontam outros problemas, como a própria característica do benefício, que pode ser cortado se a família perder as condicionantes de elegibilidade, como frequência escolar e vacinação dos filhos.

O benefício também depende da composição familiar, que pode variar. O Auxílio Brasil é pago no nome de um membro da família.

Segundo o Ministério da Cidadania, 17 bancos já teriam se cadastrado para operar a modalidade de crédito, mas a pasta não abre a lista.

Para pôr em prática o consignado para o Auxílio Brasil, o ministério precisa publicar uma portaria, com os detalhes da concessão e cobrança do empréstimo.

Veja também

Governo bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024
Orçamento de 2024

Governo Federal bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Newsletter