Paraguai, economicamente estável e afetado pela corrupção
O FMI prevê que a economia paraguaia crescerá 4,5% em 2023, bem acima da média latino-americana
O Paraguai, que realiza eleições presidenciais e legislativas neste domingo (30), é um país no coração da América do Sul elogiado por sua estabilidade econômica, mas atormentado pela corrupção e pelo crime organizado.
Esta nação de 406.752 km2, sem litoral, mas rica em rios, foi governada pelo conservador Partido Colorado durante a maior parte das últimas sete décadas.
Seguem alguns fatos importantes sobre este país de 7,5 milhões de pessoas, de maioria católica.
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Corrupção e drogas
Localizado entre Bolívia, Argentina e Brasil, o Paraguai tem uma fronteira porosa, atraente para os narcotraficantes.
A maconha (que também produz) e a cocaína (principalmente de outros lugares) transitam pelo Paraguai até o Brasil, de onde são enviadas para a Europa.
O promotor Marcelo Pecci e o prefeito conhecido por sua luta contra a corrupção, José Carlos Acevedo, foram assassinados em 2022 em crimes atribuídos ao narcotráfico.
O Paraguai ocupa a 137ª posição entre 180 países no ranking de corrupção da organização Transparência Internacional.
Legado guarani
Com uma população majoritariamente mestiça, o Paraguai tem um forte legado da cultura indígena Guarani.
A Constituição de 1992 estabeleceu duas línguas oficiais: o espanhol e o guarani, faladas por 87% da população e obrigatórias nas escolas.
O tererê, infusão de ervas que se toma gelada e é considerada a bebida nacional, também é patrimônio do povo guarani.
Domínio colorado
O Partido Colorado domina a vida política do Paraguai quase ininterruptamente desde 1947. Sob sua égide, o ditador Alfredo Stroessner (1954-1989) governou por 35 anos, cujo regime causou entre 1.000 e 3.000 mortes ou desaparecimentos.
O único presidente de fora do Partido Colorado foi o esquerdista Fernando Lugo, que chegou ao poder em 2008. Lugo foi deposto em 2012, após um processo de impeachment denunciado como golpe por Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela.
Em 2013, o empresário do tabaco Horacio Cartes, um dos homens mais ricos do Paraguai, devolveu o Partido Colorado ao poder. Presidente até 2018, foi sancionado pelos Estados Unidos como "significativamente corrupto" em 2022 junto com o atual vice-presidente, Hugo Velázquez.
Para as eleições de domingo, a Concertación Nacional, uma coalizão de partidos de centro e esquerda, espera quebrar a hegemonia do Partido Colorado. Efraín Alegre, um advogado de 60 anos e duas vezes candidato à Presidência, está empatado nas pesquisas com o colorado Santiago Peña, um economista de 44 anos.
Eletricidade, hidrovia e soja
O Paraguai é um grande exportador de soja, carne bovina e energia hidrelétrica.
Possui grandes hidrelétricas no rio Paraná, entre elas a Itaipu, em condomínio com o Brasil, a segunda maior do mundo em produção depois da chinesa Três Gargantas.
Também possui a hidrovia Paraguai-Paraná, cerca de 3.000 km desde sua nascente no Brasil até sua foz no Río de la Plata.
Com mais de 3 mil embarcações, o Paraguai possui a terceira maior frota de água doce do mundo, atrás da China e dos Estados Unidos.
O Paraguai, que tem uma carga tributária baixa de não mais que 10%, é um dos poucos países da região onde o investimento estrangeiro direto aumentou durante a pandemia de Covid-19.
O FMI prevê que a economia paraguaia crescerá 4,5% em 2023, bem acima da média latino-americana (1,6%). Mas a pobreza atinge 24,7% da população.