Parlamentares do Reino Unido querem barrar entrada da JBS na Bolsa de Nova York
Segundo eles, as práticas da empresa representam uma ameaça significativa ao ecossistema para a regulação do clima global e a conservação da biodiversidade
Um grupo de parlamentares do Reino Unido planeja pressionar a SEC (órgão regulador de mercado nos EUA) para bloquear a listagem da JBS, maior fornecedora de carne do mundo, na Bolsa de Valores de Nova York, dizendo que a abertura de capital da empresa ameaçaria os esforços para reverter as mudanças climáticas.
A JBS "tem um histórico bem documentado de envolvimento em desmatamento, violação de direitos humanos e apropriação de terras de comunidades indígenas", de acordo com um rascunho de carta assinado por 12 parlamentares que deveria ser entregue na quarta-feira (10) ao presidente da SEC, Gary Gensler.
"As práticas da empresa representam uma ameaça significativa ao ecossistema para a regulação do clima global e a conservação da biodiversidade."
A empresa brasileira vem buscando uma listagem nos EUA há mais de uma década, após sua expansão agressiva que a transformou em um gigante global. Com operações do Colorado à Nova Zelândia, a empresa é a maior produtora de carne bovina e de frango, a segunda maior fornecedora de carne suína e a primeira empresa de refeições prontas do Reino Unido. As operações baseadas nos EUA geraram quase metade da receita da JBS em 2022.
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Antes da listagem de uma empresa em uma Bolsa dos EUA, os advogados da SEC normalmente analisam o prospecto da companhia e fornecem feedback sobre se as divulgações são suficientes. De acordo com a lei de valores mobiliários, o órgão regulador não é responsável por avaliar os modelos de negócios ou o impacto social das atividades da empresa.
A SEC, no entanto, propôs novas regras que forçariam as empresas a divulgar mais sobre suas pegadas ambientais.
A JBS afirmou que considera a entrada no mercado americano como fundamental para acessar um grupo mais amplo de investidores institucionais. Em apresentações recentes, a empresa destacou o potencial de redução dos custos de capital e de aumento da valorização das ações em relação a rivais americanos, como a Tyson Foods.
Há potencial para quase triplicar o valor de mercado da empresa para quase US$ 30 bilhões, disseram os executivos.
Já era esperado que a empresa enfrentasse um maior escrutínio dos investidores em relação à sua governança corporativa, bem como ao seu impacto sobre a mudança climática. O desmatamento da Amazônia, que tem sido associado à pastagem de gado, é um dos principais contribuintes para os gases de efeito estufa, e a JBS não cumpriu o compromisso de nunca comprar gado de áreas desmatadas.
A empresa estabeleceu o ano de 2025 como prazo para eliminar o desmatamento de seu suprimento de gado na Amazônia e no Cerrado e, durante a recente cúpula climática COP28, anunciou sua participação em um programa lançado pelo Pará, no Brasil, que visa alcançar a rastreabilidade total do gado criado na região até 2026, usando chips em bezerros desde o nascimento.
"Qualquer pessoa que valorize a importância de proteger nosso planeta deve saber que permitir o IPO da JBS envia uma mensagem totalmente errada", disse Peter Goldsmith, de Richmond Park, ex-ministro de Energia, Clima e Meio Ambiente, um dos signatários da carta. "Nosso foco deve ser a responsabilização dessas entidades, e não a facilitação de seus ganhos financeiros."
Representantes da SEC não responderam imediatamente a uma solicitação de comentário sobre a carta.